domingo, 11 de setembro de 2022

OS PITORESCOS 42


Bem antigamente, o abastecimento de água em Cuiabá era feito por chafarizes e bicas. O chafariz do Rosário foi o mais antigo, e depois foram construídos o do Mundéu e do Largo do Palácio. Houve uma bica na mandioca e outra na Prainha, a mais famosa e a que conheci bastante. Lembro-me sempre do Firmino, mais conhecido por Guaporé, que passava o dia todo, baldeando água para a pensão Pécora, atrás da Catedral, no início dos anos cinquenta. O córrego da Prainha virou esgoto fechado e recebeu o nome de rua Tenente Coronel Duarte. Hoje, a água tratada, chega às casas pelas torneiras, vinda das Estações de Tratamento de Água.


Na Cuiabá antiga, existia além da Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus, a de Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora da Boa Morte e Senhor dos Passos, e eu frequentei as quatros. Fiz a minha primeira comunhão na Matriz. Batizei meus três filhos na Boa Morte, meu pai levava a imagem de São Pedro do Oratório da minha casa, para a missa do Santo, no dia 29 de junho, na do Senhor dos Passos. Ia com a minha mãe, as festas de São Benedito, na do Rosário. Hoje, existem muitas igrejas católicas evangélicas, por toda a cidade.


Bem antigamente, existiam além das igrejas citadas, as capelas: Nossa Senhora da Conceição, no Hospital da Santa Casa; de São João, no Hospital dos Leprosos; São Gonçalo, no Porto e a do Bom Despacho, em cima do Morro. Hoje, esse número elevado de igrejas e capelas, não traduz a religiosidade da cidade.


Na Cuiabá antiga, a cidade se expandiu ao redor da Igreja Matriz e o Palácio do Governo. Hoje, pelas chácaras e sítios, que assentam os modernos condomínios fechados, para pessoas de alto poder aquisitivo.


Bem antigamente, os moradores de Cuiabá, tinham paradas obrigatórias debaixo de arvoredos e árvores frutíferas para descansarem, pois todos se deslocavam a pé. Hoje, todos se deslocam de carros, motocicletas, bicicletas, ônibus e não têm onde estacionarem os seus veículos e, as distâncias ficaram enormes, onde tudo é longe.


Na Cuiabá antiga, a iluminação elétrica chegou em 1920. Nessa ocasião havia uma cervejaria lá no Porto movida à energia elétrica. Também, uma fábrica de gelo. Era proprietário o Cel. Batista de Almeida, multi- empresário. Quando o meu avô Dr. Alberto Novis, ficou surdo sendo obrigado a abandonar a medicina, foi ser o gerente desta primeira cervejaria de Cuiabá, que era do seu sogro. Meu pai, dono do Bar Moderno (1920), era freguês da fábrica que se chamava Rosa, em homenagem a D. Rosa de Almeida Novis, casada com o Cel. João Baptista de Almeida Filho, avô da minha mãe Irene Novis. Hoje, sei que uma das causas do fechamento do estabelecimento, contado pelo meu pai, era que meu avô Dr. Alberto Novis, vendia a cerveja e as barras de gelo, provocando reação dos proprietários das revendas.


Bem antigamente, comprava-se cerveja na fábrica e depois de São Paulo que chegavam pelo rio Cuiabá, no Porto.


Muitos anos depois, Archimedes Pereira Lima, construiu uma em Cuiabá, no Coxipó. Hoje, a AMBEV, fundada da união da Brahma e Antártica em 1999, produz cerveja em Cuiabá e para todo o Estado de Mato Grosso.


Na Cuiabá antiga (1920), a família Neves, comercializava cerveja até 1970, quando o Bar Moderno fechou as suas portas. 20 anos mais tarde, seu filho mais velho (Gabriel), neto (Ricardo) e genro (Mauro), montaram em Várzea Grande (1989) uma empresa de distribuição de bebidas da Brahma (DISCOL), para Várzea Grande e metade de Cuiabá. Hoje são várias empresas responsáveis pelo atendimento dos produtos da AMBEV para todo o Estado. Considerando esses dois períodos (1920 a 1970) e (1989-2022), a família Neves de Cuiabá, está completando 83 anos de tradição no comércio de cerveja.


Bem antigamente, velho era considerado, quem tinha dez anos a mais do que a gente. Hoje, depende daquilo que a pessoa tem bem maior em empresas do agronegócio, que a sua idade.


Na Cuiabá antiga, ninguém se preocupava com o futuro, sempre muito distante. Hoje, todo mundo se preocupa tanto com o presente, que ninguém deixa mais para amanhã aquilo que se pode fazer hoje.


Gabriel Novis Neves

28-07-2022




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