Bem antigamente, existia em Cuiabá, uma escola pública e três particulares (1828) e o ensino era só para os ricos. Hoje em Cuiabá temos três universidades, uma pública e duas particulares, para ricos e pobres.
Na Cuiabá antiga, alguns estudantes escolhidos pelo governo, iam fazer faculdade em Portugal. Hoje, quem sai daqui, vai estudar depois de formados em universidades, dos Estados Unidos da América do Norte (USA).
Bem antigamente, o primeiro cuiabano a estudar fora, foi o padre José Manoel de Siqueira (1750). Estudou botânica e filosofia. Seus trabalhos acadêmicos foram relevantes, valendo-lhe o título de sócio da Academia Real de Ciências. Constituiu o único mato-grossense a desfrutar de tão alta honra, com “o ser dos poucos brasileiros dela investido”. (Dom Aquino Correa). Como naturalista o padre Siqueira, descobriu o uso da casca da quina no combate à malária. Hoje, a nossa universidade federal possui inúmeros trabalhos de pesquisas nas áreas das ciências humanas, sociais e tecnológicas. A descoberta do padre Siqueira foi dissertação de mestrado, UFMT (2005).
Na Cuiabá antiga, assim que foi implantada a nossa universidade federal (1971-1982), foram enviados três professores para fazerem o mestrado e doutorado nos Estados Unidos da América do Norte. São eles: Clóvis Nobre de Miranda (agrônomo), Édson Pacheco de Almeida (sociólogo) e Juacy Silva (sociólogo). Hoje, a saída para o exterior é mais difícil por problemas orçamentários das universidades públicas. As universidades privadas não concedem bolsas de estudos para fora, e os títulos de mestres e doutores são conseguidos por aqui, ou através de cursos à distância.
Bem antigamente, as relações entre os poderes espiritual (clero) e temporal (governo) eram estreitas. Hoje, o poder espiritual (evangélico), tem relação íntima com o governo.
Na Cuiabá antiga, a religião era católica. Hoje, são tantas as religiões, que teclamos quase todos os canais abertos da televisão, e o que mais têm são estações com pregações espirituais.
Bem antigamente, as ruas de Cuiabá não eram muitas. Eram ligadas por travessas e becos. Essas ruas, travessas e becos adquiriram denominações informais em função de peculiaridades próprias. Assim temos:
Rua de Baixo (Galdino Pimentel)
Rua do Meio (Ricardo Franco)
Rua de Cima (Pedro Celestino)
Rua do Campo (Barão de Melgaço)
Rua da Matriz (Antônio Maria)
Rua Formosa (Joaquim Murtinho)
Rua Bela do Juiz (13 de Junho)
Rua da Fé (Comandante Costa)
Rua da Alegria (Voluntários da Pátria)
Rua do Caixão (Estevão de Mendonça), onde resido há 30 anos.
Nasci na Rua de Baixo, fui criado na Rua do Campo, passei a minha maturidade e vi meus filhos cresceram na entrada do Morro do Tambor, no Porto, e escolhi para meu envelhecimento, a Rua do Caixão.
Na Cuiabá antiga, existia o Beco do Candeeiro, a primeira rua ainda do tempo a fundação de Cuiabá (Rua 27 de Dezembro). Outras localidades eram chamadas de Prainha, Mundéu, Boa Morte. A rua de Cima era a mais aristocrática, da Cuiabá antiga. Hoje, é uma rua comercial sem grande movimento, todo concentrado nos shoppings que possuem estacionamentos.
Bem antigamente, Cuiabá possuía, em suas ruas, travessas e becos, setenta casas (1825). Interessante que, dessas vinte eram sobrados, as demais eram térreas. O Palácio Alencastro que eu conheci era uma bela casa térrea e suas janelas, únicas na cidade que possuíam caixilhos com vidros. Na parte central da cidade as casas eram coladas umas às outras com acesso diretamente para a rua. Sua arquitetura era colonial. As paredes eram feitas de adobe ou taipa (terra socada). Os telhados projetavam-se em salientes beirais feitos de telhas. Hoje, o progresso levou tudo, e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional acordou tarde para preservar toda essa beleza arquitetônica, do nosso Centro Histórico. Recentemente, conseguiram restaurar a casa da Bem Bem, que era do Nhô Nhô de Manduca, meu tio, casado com tia Codó, irmã do meu avô Alberto Novis.
Na Cuiabá antiga, a iluminação noturna do interior das casas geralmente era obtida com óleo de peixe em candeeiros. As de fora, eram feitas com candeeiro colocado sobre a porta de algumas casas, que assim iluminava a frente delas. Somente em 1939, eu já tinha quatro anos, é que Cuiabá teve a sua primeira iluminação pública das ruas por meio de lampiões (60 unidades) de azeite de mamona. Um tocheiro percorria regularmente as ruas para acendê-los e apaga-los, salvo nas noites de luar. Hoje, a energia elétrica que consumimos, vêm de hidrelétricas da região e do Paraguai. As ruas e avenidas são iluminadas com lâmpadas de vapor metálico de coloração branca, das residências com LEDS, e tocheiros só existem nas igrejas católicas.
Gabriel Novis Neves
27-07-2022
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.