sexta-feira, 9 de setembro de 2022

COMPARTILHANDO TAREFAS DOMÉSTICAS


As tarefas domésticas da minha casa eram feitas pela minha mãe e funcionárias.


Meu pai talvez não precisasse desenvolver essas atividades da cozinha, já que fazia tantas outras coisas pela família, sendo da sua obrigação a compra da carne no açougue do Baixote no Mercado da Generoso Ponce e, às vezes no do Joaquim Vermelho, quase no final da rua do Meio (Ricardo Franco).


Tinha que chegar no açougue ainda com a luz da lua, pois a carne assim que chegava era vendida.


Antes de viajar para o Rio a tarefa de acompanhar o meu pai era minha, depois fui substituído pelo Olyntho.


 À tarde, na volta para casa, meu pai passava na Padaria dos irmãos Latorraca.


Um atendia no balcão e outro, controlava o forno na rua de Baixo (Galdino Pimentel).


De lá papai trazia pacotes de pães para a filharada.


Pão francês quentinho da hora, pão mandi, pão canhão, pão doce ou de coco.


Sempre do bar vinham vários tipos de queijos importados, amarelinhos ou furados, salaminhos, presunto e mortadela.


Debaixo do braço o Jornal do Brasil do dia, quando o avião não atrasava.


O jantar da meninada era café com leite e essas iguarias que até hoje recordo com muita saudade e água na boca.


Tudo preparado com muita manteiga Aviação, e à vontade.


Meu pai enchia um copo grande com nata de leite, abundante em minha casa, nos acompanhava nos pães recheados de coisas gostosas, que hoje tudo isso faz mal à saúde.


É o excesso de carboidratos causando diabetes, intolerância à lactose, obesidade mórbida com acúmulo de gordura abdominal e tantas outras coisas que vivemos quase vegetando!


Ainda bem que naquela época ninguém fazia exames bioquímicos e por imagens, apenas abreugrafia.


Claro que isso não é vida, e ele, de pijama nos levava para sentarmos no batente de madeira da porta da rua da minha casa, ou nas cadeiras de balanço na calçada, cigarro na mão esquerda, acompanhado da minha mãe, para conversarmos com quem passava ou ia fazer visitas.


Para estas, mamãe preparava suco de frutas naturais que vinha sempre acompanhado de francisquitos.


Assim era a vida caseira do meu pai, que confiava no aproveitamento escolar dos seus filhos e, não me recordo de serem repreendidos.


No bar ele se transformava, fazendo tarefas que nunca realizou em casa.


Quando era grande o movimento no bar e seus garçons mal davam para atender aos fregueses nas mesas, papai assumia a função de lavador de copos!


Quantas vezes o ajudei nessa função, observando sempre o cuidado para não se ferir.


Nesse caso o remédio que utilizava para fazer o sangue parar de escorrer pela mão ferida pelo vidro do copo, era pegar teia de aranhas abundante nos fundos do bar e enrolar no local do sangramento.


Às vezes esterilizava a ferida antes do curativo com a teia de aranhas, derramando conhaque no local.


Nada de curativo com mercúrio cromo, algodão, esparadrapo ou atadura.


Assim era o Bugre do Bar.


Gabriel Novis Neves

02-09-2022











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