Bem antigamente, no período pré-eleitoral não tinha propaganda de rádio e a televisão, nem existia. O número de partidos políticos também era bem reduzido, não chegando a preencher os dedos de uma mão. Hoje, antes de começar uma campanha política, há necessidade de contratar uma equipe caríssima de marqueteiros. O último político marqueteiro, foi Jânio da Silva Quadros (1955).
Na Cuiabá antiga, as campanhas eleitorais eram feitas com os candidatos indo de casa em casa pedindo votos e recebendo na cara sim ou não. Existiam os famosos coronéis, que eram grandes fazendeiros que conseguiram do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso, autorização para receberem as urnas e realizarem as eleições, ficando a guarda das urnas e transporte para Cuiabá sob suas responsabilidades. Não raro o candidato do coronel vencia por unanimidade dos votos e a eleição, “por segurança” era realizada nas vésperas do pleito. No dia marcado a urna com os votos ficava guardada na casa do coronel e era servido um baita churrasco para todos. Hoje, em vez de churrasco é servido peixada de traíra, um peixe muito comum no nosso pantanal.
Bem antigamente, as eleições e candidatos eram escolhidos pelos criadores de gado e usineiros de açúcar. Hoje, esse trabalho é feito pelo pessoal do agronegócio e banqueiros, com o auxílio imprescindível dos traíras, com experiência carcerária.
Na Cuiabá antiga, os dois principais partidos políticos tinham os seus próprios jornais, muito bem escritos por jovens bacharéis em Direito e intelectuais da Academia Mato-Grossense de Letras. Um era impresso em papel branco e circulava domingo pela manhã o outro impresso em papel amarelo e circulava à tarde. Existiam mais dois jornais em Cuiabá, o Estado de Mato Grosso que se esforçava em ficar bem com os partidos, e A Cruz, que era da Diocese de Cuiabá.
Bem antigamente, mesmo em política partidária compromisso era levado a sério e jamais rompido. Não existia esse hábito de trocar de partido em cada eleição. Democrata era sempre democrata. Hoje, grandes latifundiários são comunistas fanáticos. Estamos em pleno período eleitoral com os candidatos envolvidos nessa luta pelo poder, apenas pelo poder que os beneficie e seu grupo, e que os outros que se danem.
Na Cuiabá antiga, existiam dois partidos importantes que eram, o Partido Social Democrático (PSD) e a União Democrática Nacional (UDN). Quando um deles se coligava com o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), ganhava por antecipação a eleição. Isso ocorreu até 1966, quando os partidos foram dizimados pela revolução. Hoje, existem trinta e dois partidos legalizados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Bem antigamente, tudo era diferente na política e não se falava na existência de tantos traíras. Mato Grosso era um estado curral e se comportava como tal. Hoje, curral passou a ser armazém de soja e o seu pessoal o que mais quer com o dinheiro que tem, é lamber o poder. Fazem de tudo para sentir o cheirinho dos nossos mandantes, passando por cima da ética e interesses da nação. São uns insaciáveis escravocratas do dinheiro, mesmo constando seus nomes na Revista Forbes da lista de pessoas mais ricas do mundo.
Na Cuiabá antiga, amigo do peito de tantos anos e favores recebidos, não se abandonava na estrada mesmo em política. Hoje, traíras não tem alma ou sentimento da gratidão.
Bem antigamente, o dinheiro comprava quase tudo, menos o caráter das pessoas. Hoje, os novos ricos das terras agricultáveis de Mato – Grosso, na sua maioria, parece que já venderam o seu caráter para se tornarem milionários, e acham que podem tudo sem limites ou restrições, visando apenas seus interesses e do seu grupo.
Na Cuiabá antiga, não existia tanta desigualdade social. Todos moravam em casas de paredes únicas e frequentavam os mesmos locais. Hoje, Cuiabá está cheia de casas com pistas de pouso asfaltada para operar com jatinhos executivos.
Bem antigamente, a Igreja Católica era soberana e a maioria da população brasileira era de católicos praticantes. Também não se metia com política partidária, embora dependentes das graças dos poderosos, sempre escolhidos de reis e rainhas nas suas festas. Hoje, os bispos quase todos são comunistas, apoiam a ditadura da Nicarágua, que prendeu católicos apostólicos romanos e estão em campanha para eleger presidente da república, um defensor do aborto.
Na Cuiabá antiga, tivemos um Arcebispo Governador, Dom Aquino Corrêa, escolhido pelo presidente Venceslau Brás para pacificar os grupos em rebelião (1918-1922). Hoje, transformaram os sermões em comícios políticos. Quem saiu ganhando foram os evangélicos que elegem vereadores, prefeitos, deputados estaduais, federais, senadores governadores e presidentes da república.
Gabriel Novis Neves
15-08-2022
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