segunda-feira, 5 de setembro de 2022

IMPACTO DA CIDADE GRANDE


Quando deixei a minha linda e pequenina cidade em março de 1953, confesso que sofri o impacto da cidade grande e durante algum tempo fiquei encantado com as belezas da cidade, esquecendo-me das belezas da cidadezinha onde nasci.


Tive crise de gostar do novo e desconhecido, não sofrendo com o distanciamento.


Por não ter deixado uma namoradinha, não tive tempo de sentir saudades da minha cidadezinha.


Estava focado nos longos anos de estudo.


Saudades senti dos meus pais e irmãos, sabendo que era para o meu bem e tudo passaria com o meu retorno.


Na minha pensão um colega apaixonado deixou de estudar no Rio de Janeiro e retornou pra Cuiabá, não com saudade da nossa cidadezinha, e sim por não suportar o distanciamento do seu amor juvenil.


Ele só pensava nela e, após o 1º semestre na faculdade de Direito, ele voltou, casando logo depois.


Um casamento que se desfez pela rotina do matrimônio.


O meu deslumbramento pelo Rio durou até o meu casamento e a volta para casa com uma mulher criada na ex-Cidade Maravilhosa.


Mal havia aberto as malas e bagagens que chegaram por estrada, meus filhos nascendo um por ano, e me envolvi tanto com as oportunidades que me foram oferecidas que só pensava em trabalhar, e não deixar faltar nada a minha mulher e meus três filhos.


Foram mais de quarenta anos que vivi nesse mergulho, comprometido com o desenvolvimento da nossa região ocupando cargos muito importantes no meu Estado (1966-2017).


Agora, com a tranquilidade que o envelhecimento saudável nos proporciona, aos 87 anos e morando aqui, sinto saudades da cidadezinha onde nasci e cresci e que não existe mais, derrotada pelos nossos administradores adeptos da modernidade.


Destruíram o nosso lindo Centro Histórico, e a casinha onde nasci na rua de Baixo (Galdino Pimentel) foi transformada em uma loja comercial. 


A casa da rua do Campo (Barão de Melgaço) onde cresci, virou estacionamento de automóvel.


O Bar do Bugre está descaracterizado, e a Matriz foi demolida e agora é Catedral, que fica a maior parte do dia fechada por causa de ladrões. 


O 1º Jardim Público de Cuiabá, a Praça Alencastro, sofreu com a modernidade, tendo o seu coreto substituído pela fonte luminosa e o seu chafariz retirado e em seu lugar construído um pequeno palco de concreto para as mais diversas ocasiões.


O casarão colonial onde era o Palácio do Governo foi demolido para construção do prédio onde funciona a Prefeitura de Cuiabá.


A arborização das ruas com árvores frutíferas, para alegria das crianças que vinham da Escola Modelo Barão de Melgaço pela rua 13 de Junho, se fartavam das mangas na Praça da República, que não existem mais.


Porém, o maior castigo recebeu a majestosa rua XV de Novembro no Porto.


Ela possuía duas pistas de ida e volta para veículos, eram muito bem cuidadas, separadas por canteiros centrais, bem arborizadas transmitindo uma paz a todos seus usuários.


Ficaria escrevendo por horas daquilo que tínhamos e não temos mais!


A minha linda Cuiabá, foi destruída “pelo progresso”!


Gabriel Novis Neves

02-09-2022


A casinha onde nasci na Rua de Baixo 

A casa onde fui criado na rua do Campo



A Praça Alencastro com o coreto e chafariz, muito bem arborizada com as suas palmeiras imperiais.

Av. XV de Novembro no Porto





























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