sábado, 28 de maio de 2022

OS PITORESCOS XXVII


Bem antigamente, tudo tinha apelido. Além das pessoas, ruas, avenidas, e logradouros públicos.


No Rio de Janeiro, Cartola não usava cartola, e sim chapéu, quando servente de pedreiro, daí o apelido. Pixinguinha (chamado de menino bom, tinha o rosto marcado pela “bichiguinha), não tinha nada a ver com Pixinguinha.


O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro era do Galeão. O de São Paulo, Guarulhos. Tentaram colocar nome de pessoas famosas nos dois e não colou - (Antônio Carlos Jobim e André Franco Montoro).


Na Cuiabá antiga, ruas, avenidas e pessoas, só eram conhecidas pelos apelidos.

Meu pai era conhecido como Bugre. Seus irmãos eram, Mocinho, Dudu, Tino, Ioiô, Coca, Sinhô, Joãozinho e Dr.Mário.


As ruas eram de Baixo, do Meio, de Cima e do Campo as mais conhecidas.


Bem antigamente, as universidades públicas produziam conhecimentos científicos.


Hoje, com recursos públicos pesquisam pornografias.


São teses universitárias recebendo dinheiro público.


Uma dessas concluiu pesquisa para mestrado, que recebeu uma bolsa de 20 mil reais, para saber se “sapatos têm sexo”, numa alusão as “lésbicas pobres chamadas de sapatões”!


As outras nessa “linha de pesquisa” não tenho coragem de citar.


Na Cuiabá antiga, a implantação da nossa universidade, dizem que foi o maior trabalho de pesquisa, isso há 50 anos.


Hoje, a UFMT não pesquisa por exemplo, o uso da energia solar no seu campus universitário, gastando uma nota preta mensal de energia elétrica.


Se as universidades públicas não produzem conhecimentos novos, para que servem?


Bem antigamente, falava-se muito no “baixo Coxipó”, sobre o aparecimento de uma “casa de pesquisa” que iria estudar muito a “Amazônia”, criando a disciplina “Amazonologia”. Hoje, ninguém toca mais nesse assunto, e os novos desconhecem totalmente esse fato.


Ficou registrado neste meio século de pesquisas, apenas que em áreas de borrifação de agrotóxicos, gestantes tinham seu leite contaminado, transmitindo o veneno aos seus recém-nascidos.


Na Cuiabá antiga, não existia pesquisador cientifico. Eles, eram natos, sem escolaridade.


Bem antigamente, os maiores pesquisadores do nosso Estado, foram os índios. Seus alunos mais conhecidos, - o Marechal Rondon, o médico Noel Nutels, os irmãos Vilas-Boas, Chico e Apoena Meirelles, Darcy Ribeiro, os padres da Missão Anchieta.


Na Cuiabá antiga, mulher branca casava-se com índio. Seu filho era chamado de boró.


Bem antigamente, índio jogava futebol com a cabeça, e a bola era feita de seringa, abundante na região. Hoje, jogam futebol com os pés e bolas da FIFA, camisas de clubes famosos e chuteiras.


Na Cuiabá antiga, sonhavam com um índio reitor. Hoje, como jogador de futebol em clube da 1ª divisão do futebol brasileiro, como o Cuiabá.


Bem antigamente, existiam muitas cidades em Mato-Grosso que viviam do garimpo, e quem extraia o ouro era chamado de garimpeiro. Hoje, são empresários de mineração e pertencem a elite da sociedade, bem diferente dos antigos garimpeiros.


Na Cuiabá antiga, os garimpeiros só extraiam o ouro que aflorava das minas de ouro. O resto abandonavam como cascalho. Hoje, com tecnologia israelense, esse cascalho é aproveitado e seu produto logo vendido.


Bem antigamente, o ouro era retirado das profundezas das minas, muito distantes da capital, com show de Rita Cadilac para não deixar o pessoal esmorecer no duro trabalho. Hoje, o cascalho é aproveitado em modernos laboratórios comandados por engenheiros pós-graduados em mineração, no subúrbio de Cuiabá.


Na Cuiabá antiga, muitos garimpeiros pediam aos seus dentistas, implantes de dentes de ouro. Eram conhecidos como homens da “boca de ouro”. Hoje, comercializam com o mundo desenvolvido e judeus. Outro tanto, na bolsa de valores.


Bem antigamente, encontrava-se ouro em toda Cuiabá. Nossos fundadores nos fizeram o favor de levar toda essa riqueza para Sorocaba de onde partiram para nos “descobrir”.


Na Cuiabá antiga, encontrava-se muito ouro no córrego da Prainha e CPA. Hoje, a Prainha virou esgoto e o CPA bairro residencial e populoso.


Bem antigamente, sábados e domingos eram os dias que as famílias cuiabanas se reuniam para contar histórias, que se constituíram na nossa tradição oral, pois essas histórias não são encontradas em nenhum livro. Hoje, estou contando “estórias” de Cuiabá, em plena manhã de uma segunda-feira, depois de uma derrota do meu “Fogão” e vitória do Cuiabá.


Gabriel Novis Neves

11-04-2022





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