segunda-feira, 23 de maio de 2022

VELHOS TEMPOS


Tanto fizeram com a tecnologia em certas áreas do conhecimento, que o moderno hoje é ser antigo.


Isso é percebido principalmente na ciência médica onde os meios diagnósticos existentes especialmente por imagens, não existiam quando conclui o meu curso médico (1960).


A ultrassonografia foi introduzida em Cuiabá, apenas há quarenta anos.


Hoje, ninguém faz o pré-natal com pelo menos três exames de ultrassonografia gestacional.


O abdome deixou de ser a temida “caixinha de segredos”, e nenhuma mulher precisa mais sentar-se em cima de uma colher ou garfo para saber o sexo do seu neném.


Eram colocados uma colher ou garfo debaixo de um par de travesseiro sem a gestante saber.


Pediam que escolhesse um travesseiro para sentar-se.


Se o escolhido fosse o da colher, o sexo do neném era do gênero feminino.


Se o escolhido fosse o do garfo, o sexo seria masculino.


Foi assim que minha mulher descobriu com antecedência o sexo dos seus filhos sem errar.


Tem-se abusado tanto dos exames complementares, que os especialistas nem mais examinam seus clientes.


Partem furiosamente atrás dos inúmeros exames laboratoriais de imagens e bioquímicos.


Esta semana um amigo, foi consultar com um médico antigo que examina os seus clientes.


Após a consulta com minucioso exame clínico, saiu do consultório sem pedido de nenhum exame.


Apenas com a recomendação de continuar usando os medicamentos que lhe haviam sido receitados em doses menores, e voltar daqui há quinze dias.


No retorno, seu médico antigo voltou a fazer um novo exame físico com detalhes.


Retornando a sala de consulta, disse que estava curado.


Meu amigo eufórico me ligou dizendo que consulta assim, só tinha feito com o Dr. Artaxerxes, no Hospital Geral.


Não satisfeito presenteou ao médico que o tinha examinado à exaustão, mesmo sabendo ser o paciente de um popular Plano de Saúde.


É aquela história do samba de carnaval, onde abusaram tanto da mulata que um dia ela foi embora.


Abusaram tanto dos exames complementares que hoje quem os solicitam em abundância, não significa ter conhecimentos médicos.


O melhor em medicina é um detalhado exame físico, e nem tantos complementares.


Estamos voltando aos velhos tempos da boa medicina, quando os pacientes eram examinados.


Gabriel Novis Neves

15-05-2022






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