quarta-feira, 25 de maio de 2022

ESCOLHA DE MÉDICO


Na minha idade, e na condição de médico e professor de medicina, é frequente receber telefonemas ou mensagens pelo celular de parentes e amigos me pedindo a indicação “de um bom” médico para esta ou aquela especialidade.


Não existe curso para habilitação em “indicação de médicos”, e confesso ser essa tarefa uma das mais difíceis que enfrentei durante toda a minha vida.


Existem no país médicos que são referências trabalhando em hospitais de qualidade.


O médico competente é quem carimba se o hospital é bom ou não.


O hospital só é considerado de referência, quando possui excelente corpo clínico reconhecido pela academia, e aceito pela sociedade.


Este fato está tão impregnado na nossa cultura de qualidade, que frequentemente o cliente fala que está ou esteve internado no hospital tal, esquecendo-se de dizer ou desconhecendo, o nome do médico que o tratou.


Isto acontece em todo o Brasil.


O conceito de qualidade dado pelo atendimento do SUS (Sistema Único de Saúde) é o atendimento em hospital universitário, onde são encontrados professores das diversas áreas da saúde, médicos residentes e internos.


Hoje é comum o paciente procurar um hospital diretamente para se tratar, pois, nele existe excelentes profissionais para as mais diversas especialidades.


Então o paciente costuma dizer que está tratando no Sírio, Einstein, Oswaldo Cruz, INCOR, sem saber o nome dos seus médicos.


Outro fator difícil para quem indica, é o currículo do médico, facilmente encontrado no google.


Conheço casos de indicações que fiz, e o fator decisivo para a escolha do médico foi o número de títulos universitários e até o preço da consulta que “quanto mais cara, melhor o profissional”.


A grande verdade é que é uma imensa responsabilidade indicar um médico para alguém.


Aqui em minha família não indico mais ninguém para ninguém, a não ser quando o médico escolhido é meu amigo e conhecido, sendo o meu trabalho apenas o de confirmar ou não.


Estava no último ano do curso de medicina quando atendi no hospital universitário uma mulher vinda de Cuiabá para consultar no Rio de Janeiro.


Perguntei o nome do seu médico e, quando ela me disse, falei que se tratava do melhor médico de Cuiabá.


Ela retrucou dizendo que sabia que eu ainda não era médico, mas qualquer dificuldade chamaria o meu professor, que sabia muito.


Disse também que eu atendia em um hospital possuidor de mais recursos técnicos que os de Cuiabá.


A escolha de um médico é tão difícil, que prefiro que colegas competentes escolham o médico para mim, e seja lá o que Deus quiser!


Gabriel Novis Neves 

06-05-2022




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