Consegui
amenizar a amargura que tomou conta de mim em uma dessas tardes em que a mídia
me afrontou, sem dó nem piedade, com as distorções escandalosas do nosso
sistema político.
No
caso em questão, foram notícias sobre um acréscimo de mimos para a classe
judiciária já tão privilegiada, enquanto que a maior parte do país sofre um dos
maiores arrochos de sua história.
Mas,
como que para compensar tanto desencanto com a nossa classe dirigente, recebi
como um bálsamo a entrevista que assisti à noite com o fantástico compositor
Carlos Colla.
Com
suas modestas duas mil e seiscentas músicas, aliadas à sua figura de simplicidade
contagiante, fez-me esquecer por alguns momentos da mediocridade que nos cerca.
Advogado
por formação, ele abandonou a atuação na OAB para se tornar um músico feliz nas
ruas de Paris.
Seu
olhar é tranquilo, sua voz calma e melodiosa, e tem uma postura avessa ao
estrelismo.
Suas
músicas foram gravadas e interpretadas pelas vozes mais eminentes do Brasil, e
o transformaram em um compositor de primeira linha.
Fiquei
pensando no absurdo da necessidade da fama procurada freneticamente pelos imbecis e pelos pobres de espírito.
Lembrei-me
imediatamente do também glorioso Baden Powell.
Um de seus versos dizia: “o homem que diz sou não é, porque quem é mesmo
não diz...”.
Homens
iluminados conseguem brilhar, apesar da imbecilidade vigente.
Existem
pessoas que não necessitam e nem anseiam pelo reconhecimento público. São
aquelas com elevada autoestima e que têm a certeza do seu valor e capacidade, e
são felizes.
Outras
há, no entanto, que precisam trilhar os caminhos da exposição constante e da
mediocridade, e são, no mais das vezes, infelizes.
Tudo
na contramão do momento atual, em que alguns infelizes se atropelam e se
matam por um minuto de fama.
Gabriel
Novis Neves
08-11-2014
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