Recebi uma série de fotografias atuais da Vila dos Militares no Porto.
Sua localização era entre as ruas Joaquim Murtinho, logo após a antiga sede da Rádio Cultura na época do Dr. Fauzer, excelente criatura que há tempos nos deixou, e rua 13 de junho antes de chegar ao SESC Arsenal.
Ficava de frente para uma lateral do Estádio de Futebol Dutrinha, a outra dava para o Ginásio Brasil, e quando nos dias de jogos era comum a bola do jogo cair em suas casas.
Morei por muito tempo na rua Major Gama, no Porto, e esse era meu caminho para levar meus filhos para assistirem aos jogos de futebol, encontrando sempre com o desembargador e professor de Direito, José Vidal, torcedor apaixonado pelo Clube Esportivo Dom Bosco.
Quando saí daqui para estudar medicina meu clube era o Americano, por influência de um futuro colega médico, Geraldo Corrêa da Costa que era “beque” do Clube e morava na mesma rua do Campo (Barão de Melgaço).
Nos domingos de jogos, às 15 horas, ele já saia e voltava para casa uniformizado caminhando, subia a rua Cândido Mariano até chegar ao estádio de futebol.
Camisa rubro-negra dentro dos calções e meias brancas, chuteiras de couro com travas de ferro, únicas existentes naquela época.
Era o pré-aquecimento, sem preparador físico, fisioterapeuta, fisiologista, até o vestiário.
Às vezes um massagista-torcedor aparecia para ajudar aos jogadores, em número de 11, pois não era permitido substituições mesmo sendo goleiros.
O jogo era realizado no campo do Colégio Estadual, recém-inaugurado, com pequena arquibancada e cobertura de concreto, no Bosque.
A entrada era pela Presidente Vargas, e ao lado do portão principal existiam guichês para a compra de ingressos.
Nas arquibancadas meninos vendiam picolés caseiros de groselhas e pipocas feitas nas carrocinhas que ficavam estacionadas no portão do estádio.
No jogo de botão que jogava no corredor da minha casa, já era preto e branco, as cores do Botafogo de Futebol e Regatas, do Rio de Janeiro.
Interessante que, dos quatro times considerados grandes do Rio, apenas um ficava na zona norte da cidade (Vasco da Gama) e os outros três na chiquérrima zona sul, Botafogo (Botafogo), Fluminense (Laranjeiras) e Flamengo (Gávea).
Quando retornei à minha cidade, o Americano havia desaparecido, como outros clubes da época.
Tentei torcer para os clubes existentes e não consegui.
Até que surgiu o jovem time do Cuiabá, e que passou a participar do Brasileirão Série A e, por puro bairrismo, comecei a torcer para esse time.
Há dois anos estou sofrendo para ele não ser rebaixado para a segunda divisão, cujo campeonato é dificílimo, ainda mais quando não temos a simpatia do VAR.
Os meus meninos seguiram a mãe e são fanáticos pelo Flamengo.
Quando crianças torciam pelo time vencedor, hoje pelo Cuiabá.
Qual a razão que destruíram as casinhas da Vila Militar, no Porto, onde personagens importantes da nossa sociedade e política ali moraram?
Passei por lá e vi um imenso tapume de folhas de zinco, escondendo os escombros das demolições das 19 casinhas da Vila Militar, do Porto, patrimônio da União.
Que dor de saudade e incompreensão senti!
Gabriel Novis Neves
17-10-2022
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