domingo, 16 de outubro de 2022

CUIABÁ ANTIGA


Como eram distantes os bairros da Cuiabá de bem antigamente!


O bairro do Coxipó pertencia ao segundo Distrito, assim como o do Porto, e Várzea Grande ficava no terceiro Distrito de Cuiabá.


Dia desses escrevi uma crônica sobre a Praça Alencastro e a Praça da República, onde tudo acontecia na Cuiabá de antigamente.


Uma leitora nascida e criada na Várzea de Ana Poupina no Porto, hoje moradora em Cuiabá para onde se mudou para estudar, disse desconhecer as retretas na Praça Alencastro, assim como os inúmeros eventos que aconteciam nas escadarias da Catedral Metropolitana em frente à Praça da República.


Lembra-se que nas poucas vezes que veio à cidade, foi para acompanhar as procissões, que saíam da Catedral.


Disse que naquela época vir à cidade era um luxo.


Já os meninos pobres que moravam no Coxipó, assim que concluíam o ensino primário e desejavam continuar os seus estudos, ou vinham para morar em casas de parentes, ou faziam o percurso de duas horas à pé, ida e volta com seus sapados nas mãos, andando em caminhos de pó e calçando-os após a lavagem na chegada do colégio.


Existia um pequeno ônibus do seo Berilo com entradas nas laterais com bancos de madeira, fazendo a ligação Cuiabá-Coxipó.


Era muito irregular nos seus horários de chegadas em Cuiabá e ficava estacionado na curta travessa ao lado da Catedral e Palácio da Instrução, guardando um número mínimo de passageiros para retornar ao Coxipó.


Do Porto para Cuiabá, o ônibus idêntico era da garagem do seo Chico Meche, na bela avenida XV de Novembro, berço de Cuiabá e entrada única para a cidade.


Nossos visitantes chegavam e partiam pelo cais do porto do Rio Cuiabá.


Isso era um acontecimento para a sociedade cuiabana que comparecia para recepcionar os visitantes ilustres que chegavam por pequenos navios ou embarcações.


Foi assim que o meu bisavô baiano de Salvador, Capitão Médico-Cirurgião da Marinha Imperial, seguindo orientação do Imperador do Brasil Dom Pedro, veio para Cuiabá, após dois meses de viagem.


Saiu de Salvador pelo Atlântico até a Bacia do Prata, trocou de navio até Corumbá e novamente, em um menor até a nossa capital.


No dia da sua chegada compareceu a uma recepção na casa de um representante da nossa aristocracia.


Lá se encantou com uma bela senhorinha Maria da Glória Leite (Nharinha) com a qual se casou antes de partir de Cuiabá para a retomada de Corumbá, invadida pelos paraguaios.


Os pequenos hidroaviões partiam do cais do Porto, e pelo rio Cuiabá chegavam todas as mercadorias destinadas ao nosso comércio.


Os estudantes que iriam continuar seus estudos vinham a pé do Porto na maioria das vezes, ou seus pais mudavam para Cuiabá, caso da minha leitora, agravada pelas enchentes do rio.


Hoje o Coxipó virou um bairro elegante de Cuiabá e, é sede do campus da nossa Universidade Federal de Mato Grosso.


Está ligada à Cuiabá por pistas duplas de asfalto, pelos transportes púbicos coletivos, táxis e Uber.


Tem um comércio forte, bancos e consultórios dos mais variados especialistas.


O Porto, mais próximo de Cuiabá, e a morte do rio Cuiabá, perdeu muito da sua vitalidade.


Morei durante 16 anos no bairro do Porto e confesso: foram os anos mais felizes depois do meu retorno do Rio de Janeiro.


Todos os grandes acontecimentos da minha vida aconteceram quando morava no Porto.


Várzea-Grande é a Cidade Industrial, a segunda em população no Estado, estando ligada à Cuiabá por quatro pontes de concreto e a duplicação da primeira construída (1942) sobre o rio Cuiabá.


Possui um forte comércio e serviços, e abriga o Aeroporto Internacional Marechal Rondon de Várzea-Grande e Cuiabá.


Gabriel Novis Neves

14-10-2022



















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