Bem antigamente, “sem freios” significava perder o controle da direção do veículo ou trem. Pessoas também descarrilham quando perdem os freios na bebida, na corrupção. Veículos e trens quando descarrilham, podem causar graves acidentes. Quando é uma pessoa que está fora dos trilhos, ela prejudica as outras pessoas. “Andar na linha” é antídoto de descarrilhar. Temos que nos proteger de tudo que está fora da linha para o nosso bem. “Antes só que mal acompanhado” é um ditado popular para nos alertar daquilo que anda fora da linha. Hoje, pessoas que andam fora da linha, com inúmeros processos de corrupção, prisão, uso de tornozeleiras, extensa ficha policial, são às vezes políticos com alto “status social”.
Na Cuiabá antiga, aprendíamos em casa, “não andar fora da linha”. Assim era a nossa educação. Quando cometíamos alguns desatinos, logo nossos pais nos chamavam a atenção. Na segunda vez, ficávamos de castigo, que variava de horas ou semanas. O castigo poderia ser a proibição de jogar futebol para os meninos ou brincar com bonecas para as meninas. Hoje, com essa discussão sobre gênero, está difícil para os pais modernos escolher o tipo de castigos para “eles e elas”.
Bem antigamente, o “senadinho” funcionava na garagem da casa de Nenê Tenuta, na rua Cândido Mariano em frente à antiga Residência dos Governadores, até 1986. Todos os seus membros eram do sexo masculino. Lá a sessão iniciava-se cedo e se discutia problemas mundiais, nacionais e locais. Os “senadores” geralmente eram profissionais liberais, funcionários públicos, políticos, acadêmicos, historiadores, professores, empresários, a maior parte aposentados. O plenário funcionava na calçada e garagem, e as poltronas do Senado de Brasília eram substituídas por largas cadeiras de balanço com palhinha, e cadeiras comuns. Era frequente prefeitos, governadores, deputados e senadores de Brasília lá aparecerem, e às vezes os convidavam para almoçar em uma boa churrascaria. Hoje, o senadinho continua funcionando e muitos senadores cujos mandatos eram perpétuos, já nos deixaram, ficando em seus lugares os suplentes.
Na Cuiabá antiga, com a morte do seu fundador, após votação secreta, foi eleita por unanimidade Presidente do Senadinho, dona Elsa Maria Tenuta, viúva do Nenê Tenuta. As reuniões continuam no mesmo local e seus membros todos são homens. O senadinho de Cuiabá funcionará, enquanto a Presidente estiver com saúde, que desaparecerá como mais um ponto histórico da nossa cidade.
Bem antigamente, a gente ficava no rádio amador, que era um instrumento caseiro para poucos, para saber das últimas notícias do dia, antes de dormir. Depois, surgiram as rádios comerciais, televisões, internets, transmitindo em tempo real as últimas notícias do dia. Hoje, últimas notícias é lapada, lapada, lapada.
Na Cuiabá antiga, as notícias demoravam a chegar. Uma notícia da cidade de Corumbá para Cuiabá, poderia demorar até dois meses. Hoje, pelos modernos celulares, as últimas notícias do dia, chegam ao teclar o último número do celular.
Bem antigamente, os nobres tinham apelidos de reis, príncipes, barões, condes, marquês. Hoje, rei é do futebol (Pelé do Santos), ou da soja, segundo a Revista Forbes, príncipe é Danilo (do Vasco da Gama) ou do algodão, barão é jogo do bicho, conde é fruta, e marquês pode ser de Aracati.
Na Cuiabá antiga, Mato Grosso tinha como capital a cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade. Por um tempo o Barão de Aracati, chefe da Província de MT mudou-se para Cuiabá (fundada em 1719), ficando o Estado com duas capitais. Só depois em 1835, Cuiabá é declarada oficialmente capital de todo o Estado. Na primeira metade do século XX (1932), os sulistas criaram o Estado de Maracaju com sede em Campo Grande, por 82 dias. Hoje, Cuiabá é capital do Estado de Mato Grosso dividido (1977) e, já comentam que haverá nova divisão do nosso Estado, com a criação do Estado de Mato-Grosso do Norte, com sede em Sinop. Toda a infraestrutura está sendo preparada, com a chegada do trem e de uma universidade federal com o curso de medicina funcionando.
Gabriel Novis Neves
11-09-2022
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