Certa ocasião escrevi que era tão criança e desconhecia haver futuro em nossas vidas. Como criança vivia intensamente o presente com a certeza que haveria sempre o amanhã.
Como é bom ser criança, cujo único objetivo é a busca diária da felicidade, que elas não sabem o que é! Procuram com avidez o dia seguinte, que é o futuro. Desconhecem completamente que os dias poderão ser diferentes. Isso só irá perceber anos depois. Inicia-se então a luta da humanidade por dias melhores.
Os idosos, que um dia foram crianças, só pensam no seu futuro, que poderá não ser apenas o dia seguinte.
As recordações da infância distante nos faz viver dias felizes quando idosos. Brigar com o rumo desses acontecimentos será lutar contra si próprio. A idade traduz nossos mais remotos sentimentos com muita fluidez.
Muitos enigmas do passado clareiam na idade avançada. Releituras de um livro da juventude têm valores diferentes. Quanto maior o número de vezes que voltarmos ao passado vivido, mais recordações descobriremos. Viver nesse poço de relíquias é esquecer o futuro. Quando o futuro é incerto na idade avançada principalmente, o melhor é voltar ao passado.
Sempre nesse garimpo de pedras preciosas que é o nosso passado descobrimos motivos que alegraram a nossa vida e voltarão a nos fazer felizes. Relembramos que, ao contrário dos adultos, sempre uma criança acreditou em outra criança.
Esquecemos sempre, mas o corpo lembra que em breve será dezembro. As certezas fazem parte do mundo das crianças. Depois, vivemos com as incertezas.
Gabriel Novis Neves
11-12-2021
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