Em julho de 1968 tinha 33 anos de idade completos e aparência de menos. Fui pela 1ªvez ao MEC resolver problemas da pasta da Educação do Estado de Mato Grosso, no governo de Pedro Pedrossian.
Audiência marcada com o Secretário Geral do MEC. Chegando à portaria do prédio do MEC para pegar o elevador que me conduziria ao 4º andar, fui barrado por um dos seguranças.
Queria a minha identificação e saber qual o meu destino. No período dos militares no poder, eu só usava a carteira de identificação de Oficial da Reserva do CPOR do Rio de Janeiro. Após conferir meus dados e checar por telefone o horário da minha audiência, liberou o elevador para mim.
Estava só e me dirigi à sala de espera do Secretário, sendo recepcionado por uma jovem funcionária que me ofereceu uma cadeira enquanto esperava a minha hora de ser atendido.
Como Brasília sempre foi à cidade das autoridades, a jovem recepcionista julgou ser eu filho ou acompanhante de algum figurão da República que marcara audiência.
Esperei por mais de duas horas a minha vez de ser atendido, e como estava chegando o horário do almoço, a porta de audiências fora aberta e o Secretário perguntou a mim quem eu era. Disse que era o Secretário de Educação de Mato Grosso e que tinha marcado audiência com ele.
Fez-me entrar no gabinete, me pediu mil desculpas pela demora, e confessou ter me achado muito jovem para o cargo.
Nunca tive uma audiência tão produtiva no atendimento da longa lista de reivindicações em benefício do meu Estado.
Duas lições ficaram dessa audiência em pleno regime militar: a carteira de identidade de militar embora da reserva é importante e a paciência move montanhas.
Voltei ao meu Estado sem sequelas por ter sido barrado na porta do MEC e satisfeito por ter solucionado importantes problemas por ter exercitado a paciência da espera.
Gabriel Novis Neves
10-11-2021
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