quarta-feira, 13 de julho de 2022

SAUDADE DO RIO DO MEU TEMPO


Por quase 12 anos ininterruptos morei no Rio de Janeiro, onde me diplomei em medicina e, me casei antes de retornar para Cuiabá.


Minha mulher sempre passava as férias com as crianças por lá, motivo que me fez comprar um pequeno apartamento no Leme, que tenho até hoje.


Ele serviu de residência para o meu filho, que também estudou medicina, quando ainda não tínhamos o curso aqui.


Impossível não guardar tão belas recordações para um jovem do Centro Oeste do Brasil em 1953, ao descobrir uma cidade maravilhosa, cheia de belezas naturais!


Foram muitos anos de permanência contínua na minha adolescência, e descontinuada na idade adulta e idosa, que não posso esquecer.


A descoberta do mar com suas ondas e águas salgadas.


O bonde elétrico aberto com seus cobradores uniformizados de azul e pendurado nos estribos.


Os ônibus 12 e 13, lotações, trens, as barcas eram os meios de transportes coletivos, ligando bairros, subúrbios, ilhas e cidades próximas.


O morro da Urca ligando ao Pão de Açúcar por um bondinho sustentado por cabos de aço, partindo da Estação da Praia Vermelha.


O Corcovado com o Cristo de braços abertos sobre a Guanabara.


A Pedra da Gávea, o bondinho de Santa Teresa.


As praias do Leme, Copacabana, Arpoador, Ipanema e Leblon, com suas encantadoras mulheres.


Praia Vermelha, Urca, Botafogo, Flamengo, Glória e Pedra do Calabouço com suas lindas histórias.


Os túneis do Pasmado (1953) e o túnel Velho (1892), ligando os bairros da zona sul ao centro da cidade.


Os arranha-céus, o tumulto que causava o movimento no centro da cidade, onde tudo se encontrava lá.


A Cinelândia com a sua concentração de bons teatros, cinemas, bares, restaurantes, cafeterias, ponto de encontro de poetas, escritores, músicos e compositores como o Noel Rosa.


Também lá ficava o cursinho do Galloti, preparatório para o vestibular de medicina, que frequentei.


As ruas estreitas cheias de comércio, como a mais famosa de todas que era a rua do Ouvidor e a Confeitaria Colombo, na rua Gonçalves Dias, onde “o velho na porta ia sassaricar”.


Museus, bibliotecas, jornais matutinos, vespertinos e noturnos, coincidindo com o apogeu das revistas como “O Cruzeiro” e a época de ouro do rádio.


O Maracanã recém-inaugurado, o “Estadinho de General Severiano”, quando Garrincha estreou no Botafogo como ponta direita no time de aspirantes.


A descoberta dos bairros da zona norte, tão diferentes dos bairros da zona sul, com certos aspectos lembrando a minha cidadezinha do interior do Brasil.


As casas de danças na Avenida chamadas de “Dancings”, onde me ensinaram que após terminar uma música dançada, a bailarina furava um ponto no cartão, que tinha um valor em dinheiro.


E eu pensava que “dançavam por amor”...


Os inúmeros e gigantes anúncios luminosos, que até faziam a cidade parecer mais clara e alegre, como o bairro da Lapa à noite, com suas gafieiras e cafetinas.


O relógio da Mesbla que era visto em grande parte da cidade.


A vista maravilhosa que os namorados sentados nos bancos das Praias do Flamengo e Glória tinham com os pousos, às vezes com o avião mergulhando no mar.


Os desfiles das Escolas de Samba na avenida Rio Branco e, depois na Presidente Vargas.


Impossível acreditar que vivi momentos de verdadeiro deslumbramento, em uma cidade tão modificada atualmente pelo progresso, e que a última visita que fiz está completando quatro anos.


Será que farei a minha despedida, que gostaria que fosse no Mirante da Pedra do Leme? 


Gabriel Novis Neves

27-06-2022





























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