quinta-feira, 24 de abril de 2025

UM PAPA EM CUIABÁ


Com os feriados da Semana Santa, de Tiradentes e a morte do Papa Francisco, talvez tenhamos a semana de trabalho mais curta do ano.

 

Não foi decretado feriado nacional pela morte de Francisco, mas, como sempre acontece no Brasil, estabeleceu-se ponto facultativo — e, na prática, a nação parou.

 

O impacto de sua partida para o Reino de Deus mobilizou de tal maneira a população, que, perplexa, não desgruda da televisão, acompanhando os funerais.

 

Escrevo numa manhã de terça-feira, totalmente diferente das outras da semana.

 

O mundo anda tão carentes de líderes — e o nosso maior partiu, como sempre, antes da hora.

 

Chefes de Estado se dirigem ao Vaticano para se despedirem do Papa.

 

A primeira vez que vi o Papa não foi em Roma, mas na esquina da rua Major Gama com a avenida 15 de Novembro.

 

Voltei para casa com minha mulher, filhos e funcionárias, sem entender bem o que havia presenciado.

 

Até então, para ver o Papa, era preciso ir a Roma!

 

Foi um dos muitos mitos que vi desabar no século XX.

 

O Papa comandava o mundo a partir do Vaticano — uma nação dentro de Roma, na Itália.

 

João Paulo II esteve em Cuiabá em três oportunidades: 1980, 1991 e 1997.

 

A segunda visita ao pais foi especial para os mato-grossenses, pois Cuiabá estava entre as dez cidades brasileiras em seu roteiro.

 

Em 1991 recebeu o título de cidadão cuiabano.

 

Passados mais de quarenta anos desde aquele encontro nas ruas de Cuiabá, ainda sinto a mesma emoção daquela manhã calorenta.

 

Não podia acreditar no que via. Católico, apostólico e romano, sempre vi o Papa como uma figura celestial, que vivia no reino dos céus.

 

Vê-lo em Cuiabá parecia impossível — o mesmo que surgia na janela de seus aposentos em Roma para abençoar os fiéis.

 

Sua morte nos lembra: ele era humano.

 

Gabriel Novis Neves

22-04-2025







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