segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

POR UMA VACINA NOVA


Faço meu apelo aos cientistas: que pesquisem uma nova droga capaz de livrar milhares de pessoas, em todo o universo, da mania de torcer por um time de futebol.


Seria uma vacina a ser aplicada logo nos primeiros anos de vida.


Traria um grande benefício: livraria milhares de pessoas de um sofrimento inútil.


Uma das minhas sobrinhas, nascida em Cuiabá, vive no Rio de Janeiro. Ontem, já tarde da noite, me telefonou desesperada: seu time de futebol tinha desperdiçado sua última chance de ser campeão.


Ela não conseguia dormir de tanta tristeza que sentia. Foi por causa disso que me veio a ideia de implorar aos cientistas-pesquisadores a descoberta dessa vacina.


De antemão, coloco-me à disposição dos laboratórios, para servir de cobaia. Embora esteja no entardecer do meu caminho, continuo sofrendo por ser torcedor fanático de um time de futebol.


Nesse estirão da minha existência, não nego que tenha tido momentos de plena felicidade como torcedor de um time de futebol.


Mas, na minha contabilidade, o desencanto corre vitorioso, vencendo com facilidade.


Nada que uma dose da nova vacina — com reforço se houver necessidade — não imunize contra essa triste doença!


Ela é adquirida durante o ensino fundamental. Não é genética. Uma vez adquirida, faz a pessoa sofrer a vida toda.


A Medicina evoluiu tanto nesses últimos anos, vencendo com galhardia até pandemias recentes, que me faz acreditar que logo teremos essa vacina.


Meu bisneto, prestes a completar três anos de nascimento, já demonstra sinais de ‘estar infectado’. Época ideal para ser imunizado e se livrar de aborrecimentos para o resto da sua jornada, que nem bem começou.


Meu pai não suportava esse jogo inventado pelos ingleses e exportado para o resto do mundo. Por isso, futebol não era assunto que frequentava nosso dia a dia.


Ele sempre nos alertou que não nos viciássemos nos ‘jogos de azar’. O pior de todos era o ‘baralho’. A ele se somem aqueles próprios do ‘Cassino’.


Não sei jogar ‘cartas’, nem ‘roletas’. Contudo, na alfabetização da Escola Estadual, fui “contaminado”. Passei a gostar, perdidamente, do futebol de campo, onze jogadores de cada time.


Tive liberdade de escolher meu time, que não figurava na primeira prateleira dos favoritos entre meus colegas.


Nenhum filho nem neto me acompanhou em sua preferência futebolística. São todos torcedores apaixonados de um mesmo time carioca. Neste ano, abateu-lhes um sofrimento imenso!


Quando formos agraciados com a nova vacina, quanto sofrimento desnecessário iremos ‘economizar’!


Que venha logo! Desejo tirar proveito desse recurso, mesmo que seja por um restinho de vida.


Interessante anotar que, com o andar da carruagem, vamos mudando muitas coisas. Mas a troca de clube de futebol fica imune. 


Gabriel Novis Neves

30-11-2023






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