quarta-feira, 18 de maio de 2022

PENSÕES DE CUIABÁ


Estava me recordando das antigas pensões de Cuiabá.


De algumas me lembro.


Por diversas vezes ficamos temporariamente sem cozinheira na minha casa.


Nessas ocasiões, recorríamos à comida das pensões, servidas nas marmitas com vários compartimentos, para não misturar os alimentos.


Chegavam à nossa casa entregues por marmiteiros, assim chamados os carregadores de marmitas.


Eu achava deliciosa a comida da pensão.


Minha mãe dizia que tudo era novidade.


Parecia com fogo de palha.


Logo enjoaria.


Ao lado da casa do meu avô Dr. Alberto Novis, na rua Voluntários da Pátria, entre a rua de Cima e a do Meio, conheci a 1ª pensão da Lenira Cuiabana, famosa quituteira da Cuiabá antiga.


Servia refeições no salão de frente da sua casa.


Era frequentada por aqueles que estavam chegando à Cuiabá, bancários, comerciantes, propagandistas de laboratórios farmacêuticos, políticos e cuiabanos que iam lá para variar da comida caseira.


Também fornecia marmitas.


O almoço era muito concorrido formando filas de espera para conseguir uma cadeira na mesa.


No jantar o movimento era menor.


Tempos depois a Lenira abriu uma nova pensão mais ampliada na rua do Campo, em frente à casa do historiador Estevão de Mendonça, pai do também historiador Rubens de Mendonça.


Da janela da minha casa observava o entra e sai na pensão.


Também fornecia marmitas.


Anos depois, Lenira montou em Santo Antônio do Leverger, em uma casa colonial um maravilhoso restaurante, com piso de tijolo de cerâmica de barro e decoração com as coisas típicas daqui chamado de Cacimba.


Esse restaurante tão charmoso passou a ser ponto turístico da nossa gastronomia.


Sua clientela quase toda era de Cuiabá e de turistas.


Servia a comida típica cuiabana como Maria Izabel, o peixe frito, ensopado, assado, pirão de peixe, feijão empamonado, farofa de banana, arroz com galinha, costelinha de porco com arroz e o arroz branco.


De sobremesa, furrundú, doce de leite, doce de caju, doce de figo, rapadurinha de leite.


Durante o meu período na reitoria, fazia questão de levar todos os visitantes ilustres da universidade, para jantarem em Santo Antônio do Leverger, no Cacimba.


Festejei os meus 40 anos de idade, jantando lá, com minha mulher e um primo do Rio que estava nos visitando.


Depois a Lenira passou o restaurante ao cuiabano Telmon Brandão.


Há anos não vou a Santo Antônio e não tenho mais notícias desse querido restaurante.


Gabriel Novis Neves

30-01-2022




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