Dia 10 de dezembro a nossa universidade completou 52 anos da sua criação.
Parece que tudo aconteceu ontem.
Era uma quinta feira quando decolamos do aeroporto Marechal Rondon, em pequeno monomotor pilotado pelo experiente Guilherme Alemão, em direção ao aeroporto particular da cidade de Campo Grande.
O Presidente Médici e comitiva pousariam às 11 horas, na pista da Base Aérea de Campo Grande.
Pegamos o “pé de boi” da Delegacia de Ensino de Campo Grande a tempo de chegar no horário à Base Aérea, local escolhido pelo Gabinete Militar da Presidência da República para presenciarmos a assinatura da criação da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso, com sede em Cuiabá.
Assinaram o documento o Presidente Emílio Garrastazu Médici e o Ministro da Educação Jarbas Gonçalves Passarinho.
Chovia muito em Campo Grande e eu tinha que retornar à Cuiabá com o mesmo taxi aéreo e cópia desse importante documento.
Dei carona no avião ao jornalista Pedro Rocha Juca, editor chefe do jornal “O Estado de Mato Grosso”.
Foram três horas de viagem até ao aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande.
De taxi chegamos a redação do jornal que na época ficava num sobradinho, ao lado do Chopão.
Foi convocada uma entrevista à imprensa escrita e falada.
Depois, levei uma cópia do documento ao Paulo Zaviask, apresentador da TV Centro América, para o noticiário de maior audiência em Cuiabá.
Com a certeza de ter visto o documento histórico mostrado na TV, a população cuiabana saiu às ruas em carreatas, comemorando.
No coreto da Praça da República, estudantes e políticos se sucediam nos discursos, reivindicando cada um a paternidade da universidade, com foguetórios pipocando pela cidade.
Os pessimistas de plantão diziam que um mero ato publicado no Diário Oficial não representava nada.
Iriam esperar os primeiros sinais de Brasília, como a inclusão da FUFMT no orçamento do MEC para comemorarem.
O governador Pedro Pedrossian, o grande protagonista nesta vitória, ficou em Campo Grande com as autoridades da comitiva.
Somente no dia 16 de março de 1971, o ministro Jarbas Gonçalves Passarinho, nomeou por portaria Gabriel Novis Neves, como reitor pró-tempore da nossa FUFMT para a sua implantação.
A nossa universidade foi criada em Campo Grande, no sul do Estado e não em Cuiabá, por militares, gaúcho e acreano.
A “Matriz” mato-grossense foi a mais civil das universidades brasileiras, não competindo com elas, pois éramos a única universidade da selva.
Foi construída democraticamente com o trabalho de todos, formando gerações de bons profissionais, úteis à sociedade.
Todo jovem mato-grossense de nascimento ou adoção passou a ter oportunidades, impulsionando de forma impressionante o desenvolvimento do nosso Estado.
Com a criação da nossa universidade uma criança nascida em Mato Grosso, independente da sua classe social e econômica, poderia ser governador do Estado, presidente do Tribunal de Justiça, presidente da Assembleia Legislativa e Tribunal de Contas, todos esses cargos ocupados atualmente pelos nossos ex-alunos.
Muito ainda temos a conquistar, mas posso dizer com a consciência tranquila que a missão foi cumprida.
Gabriel Novis Neves
11-12-2022
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