segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

DERROTA INCÔMODA


Da janela do meu escritório fico incomodado com o silêncio que vem das ruas.


Nem um vento barulhento ou latido de um cachorro.


A natureza está solidária com o torcedor que viu a seleção brasileira perder nesta tarde para a seleção de Camarões.


Sem ruído de automóveis passando pelo asfalto, de gente falando alto ou passarinhos cantando se despedindo do dia.


O barulho exacerbado polui o ambiente, mas o silêncio profundo nos causa melancolia.


Estou no meu quarto de dormir e o silêncio é o mesmo.


Será que tudo isso foi causado pela derrota do Brasil?


Acredito que sim, pois do contrário, seria carrões passando pelo asfalto e forçando os seus motores, com gente falando e dando vivas ao Brasil, acompanhado por foguetórios num final de tarde calorenta.


Esta sexta-feira de derrota está com cara de sábado à tarde.


E o Brasil continua na Copa do Catar com os seus lindos estádios e cidades construídos para a Copa.


Depois serão transformados em hospitais, hotéis e escolas, porque os árabes não têm futebol para tanta grandiosidade.


O brasileiro tem a mania de ser pessimista.


Ele jogou com o time já classificado para a próxima etapa.  


Passou para os jogos das oitavas de finais com os mesmos pontos perdidos da Argentina, França e Portugal, sérios candidatos ao título de campeões do mundo com o Brasil.


O Brasil jogou bem, e perdeu com um time de jogadores reservas, sem nenhum jogador titular.


Vamos aguardar o próximo jogo para sabermos se o Brasil continuará na competição com chances de ser campeão.


E seu povo sofrido pela pobreza, desemprego, falta de educação e saúde, sem identificação com os jogadores desta seleção brasileira, possa ser feliz pelo menos até o próximo carnaval, em fevereiro de 2023.


Tenho certeza que a notícia do fracasso da nossa seleção chegou ao céu pela madrugada.


Provocou uma reação imediata da natureza, com uma chuva calma, tipo lágrimas, na cidade mais quente do Brasil.


As lágrimas do céu continuam a nos acompanhar, fazendo o nosso sábado com cara de domingo.


Até o café-restaurante dos fundos do meu apartamento está sem a costumeira música que tão bem me faz.


Mas hoje é sábado, e na segunda-feira o Brasil enfrentará a seleção da Coréia do Sul.


Quem perder a partida voltará para casa.


Gabriel Novis Neves

03-12-2022




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