quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

COISAS DO VELHO MATO GROSSO


Certa ocasião, nas eleições para a Câmara Federal representando o nosso Estado, dois candidatos despontavam como favoritos.


Um candidato era garimpeiro de Poxoréu, descendente de libaneses, querido em toda a região de Alto Coité, General Carneiro, Guiratinga, Rondonópolis, Dom Aquino entre outras.


O outro nascido em Cuiabá, de família tradicional e numerosa, enraizada em Livramento, Poconé, Várzea-Grande e Cuiabá, grandes redutos eleitorais.


Era chamado de “papa banana”, enquanto seu adversário político era conhecido como “garimpeiro”.


Nosso “papa banana” tinha fama de inteligente e era portador do bacharelado de Direito, no Rio de Janeiro.


O “garimpeiro” tinha instrução primária incompleta e começou a trabalhar muito cedo.


Dominava como poucos o linguajar e hábitos do seu povo e, quando “de maior” foi eleito para a Câmara Municipal e depois Prefeito de Poxoréu.


Logo era Deputado Estadual de Mato Grosso, com expressiva votação.


Nosso bacharel em Direito, era um intelectual, possuía uma bela banca de advocacia e morava em Cuiabá.


Fizeram a campanha observando os discursos do adversário no palanque.


O intelectual ficou impressionado quando o “garimpeiro” em visita à Poxoréu, Alto Coité, Dom Aquino, Guiratinga e Torixoréu era fortemente ovacionado ao agradecer a população, dizendo estar feliz em voltar e pedir votos, à cidade onde sempre “comeu” Maria Isabel!


Nosso “papa banana” gravou bem esse bordão.


Em comícios em Cuiabá, Várzea-Grande, Livramento e Poconé, reparou que seu adversário era recebido friamente e não usava o bordão da sua região para pedir votos.


O “bacharel” não teve dúvidas e lascou no seu comício:


“Após o retorno ao meu querido Estado, era a primeira vez que tenho a oportunidade de falar aos meus irmãos. ”


“Durante o meu longo afastamento para concluir meus estudos universitários, nunca havia “comido” uma Maria Izabel como essas que estou cansado de “comer”, e que são as daqui. “


O comício teve que ser encerrado, tamanha a revolta dos presentes ao ato político de antigamente.


Nessas cidades da grande Cuiabá, naquela época ninguém sabia que o prato carne seca com arroz, predileto dos garimpeiros nordestinos do Piaui, era chamado de Maria Isabel.


Apurados os votos das eleições, ganhou em todo o Estado, inclusive na grande Cuiabá, o “garimpeiro” de Poxoréu.


Se tivesse mais instrução até superior, seria de Alto Coité.


Fica a lição: para vencer na vida é importante conhecer hábitos e costumes da gente de uma região e respeitá-los.


Gabriel Novis Neves

17-12-2022




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