sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

PARECE QUE NÃO


Conheço todas as capitais do Norte, Centro-Oeste, Sudeste, Sul e Nordeste brasileiro.


Como as do Nordeste são lindas! Nem parecendo que estamos no Brasil.


Só visitando essas capitais para ficarmos sem entender a miserabilidade que muitos apregoam no nosso “Sul maravilha”.


Hotéis de luxo, praias maravilhosas, restaurantes internacionais, quando nós, do Centro-Oeste, esquecemos da carne de boi, para uma temporada de lagostinhas e frutos do mar.


A brisa que vem do mar com ventos fortes faz com que nós esqueçamos do árido sertão nordestino.


Quando podia, eu dava minhas escapadinhas pelas praias lindas do nosso Nordeste, cheias de resorts maravilhosos onde o turismo nacional e internacional é intenso.


Lá não lembrávamos do mundo e suas atrocidades, e sonhávamos.


Acho Fortaleza uma cidade linda para viver e morar, lá se encontra tudo de bom no comércio e serviços.


Nesses momentos fico pensando se é verdade que tudo isso aconteceu um dia em minha vida.


É estranha essa sensação, e será que as pessoas da minha idade têm essa mesma sensação?


Ou é coisa inventada por mim?


É o danado do tempo, sempre a nos aprontar.


Não prestei atenção nesses momentos, que eu era tão feliz e não dei o valor que eles mereciam.


Da companhia de pessoas tão queridas que já nos deixaram, ficando com aquele incomodo - “eu não acredito”.


Haveria tempo de recomeçar tudo novamente, com a vantagem de saber como as coisas aconteceram para mim?


São interrogações a nos perseguir, deixando sempre um lastro de um tempo bom que passou em minha vida e eu não aproveitei como deveria.


É a loucura do velho que pensa naquilo que mais tem, que é o seu passado.


Tenho me esforçado a viver e pensar intensamente o dia de hoje.


O amanhã será uma aventura, e o futuro só a Deus pertence.


Tenho planos para comemorar meus 90 anos, ainda mais quando soube que a bateria do meu marca-passo tem vida útil de quase seis anos.


O doppler do meu coração mostra que o implante da válvula da aorta está muito bem e o meu miocárdio, que é o músculo do coração, rejuvenesceu.


Os vasos do meu pescoço, me protegem de um acidente vascular cerebral isquêmico, e não apresento alterações nos vasos do crânio.


Vasos dos meus membros inferiores e aorta abdominal são de um recém-nascido.


Para dizer que tudo não são flores na minha vida, descobri que sou portador de uma doença que não mata, mas não tem cura, que é a disautonomia.


O restante, meus 23 remédios de uso contínuo controlam.


Plagiando o poeta Ataulfo Alves, gostaria de voltar aos meus tempos de criança e juventude, quando era feliz e não sabia.


Gabriel Novis Neves

13-12-2022




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