Se eu fosse pensar nas três primeiras oportunidades profissionais que me ofereceram ao retornar a minha cidade natal, não teria aceitado ser diretor de um hospital psiquiátrico no Estado, muito menos secretário estadual de educação e reitor responsável pela implantação da nossa universidade federal.
Não aprendi na faculdade onde estudei administrar um hospital sem nenhuma experiência em psiquiatria.
Também não possuía formação na área de educação para gerenciar os problemas educacionais do Estado, ocupando o cargo de secretário.
Nem pensar em ser o responsável pela implantação de uma universidade.
Essas oportunidades surgiram antes que eu completasse dez anos de formado em medicina.
Se eu tivesse pensado mais, e não tivesse tão necessitado financeiramente, jamais me arriscaria a ocupar esses cargos.
Enfrentei a possibilidade de fracasso que poderia arruinar toda a minha vida, com reflexos no exercício da minha profissão de médico.
A medicina é uma profissão que nos muda, e temia ter mudado o meu rumo ocupando esses cargos para os quais não me sentia preparado logo no início da minha carreira.
Pensei que perderia o meu futuro, mesmo no bem que dedicava à humanidade, fora daquilo que aprendi nos bancos formais de uma escola de medicina, onde éramos preparados par servir a humanidade nos hospitais.
Tive sorte de ser bem avaliado nesses cargos iniciais que ocupei sem ter nunca abandonado a vida nos hospitais, com meus colegas e pacientes numa ajuda mútua de bem servir à humanidade.
Findo esse período que foi de 1966-1982, outros cargos importantes exerci na administração pública estadual, sem me afastar da medicina.
Para concluir essa fase da minha vida, tornei-me professor da faculdade de medicina.
Foi quando no hospital, além de médicos e pacientes, aprendi muito com os estudantes de medicina.
Aposentei-me como professor bem mais rico de conhecimentos que quando iniciei a minha carreira, e enfrentei o último desafio que foi implantar um curso de medicina em universidade privada.
Voltei em tempo integral exercendo a medicina que julgava estar preparado no foco que escolhera quando recém-formado para o consultório e hospital.
A idade avançada me obrigou a ficar em casa depois de completar oitenta anos.
Se tivesse pensado muito pelos idos do início dos anos sessenta, com certeza não escreveria esta crônica.
Às vezes, pensar muito faz mal.
Gabriel Novis Neves
07-12-2022
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