Recebi de um professor da nossa universidade uma mensagem sobre o meu texto “Bronca no Matuto”, quando teceu comentários, como: “o rapaz já era muito arrogante, se tomou o caminho da medicina ou de outra profissão imperial imagina no que não se tornou. ”
“Por morarmos na mesma cidade e termos vivenciado, em épocas diferentes é verdade, a cidade de Cuiabá e a UFMT, isso permite olhares comparativos. ”
Meu colega é mais jovem que eu e está em plena atividade acadêmica.
Quando ele fez concurso para lecionar e foi aprovado para trabalhar, a FUFMT já era UFMT, eu tinha deixado a reitoria há muito tempo e estava aposentado como professor de Medicina, em 40 horas, sem dedicação exclusiva.
“Uma das várias questões que lhe chamam atenção na universidade, é a forma como seus colegas professores se vestem para trabalhar na academia”. Disse-me ele.
Semanas atrás foi a um evento em que apresentou pesquisas realizadas no seu mestrado.
Vestiu uma roupa que lhe pareceu adequada para a ocasião.
Era um blazer que dava um ar formal, mas nem tanto.
Mas, o coordenador do evento, antes de começar a reunião, estava de chinelo de dedo e bermuda, e quando o evento começou, trocou o chinelo de dedo por tênis.
Em outra ocasião, outro professor estava de chinelo de dedo na coordenação do curso.
Uma professora compareceu para dar aula vestida como se estivesse no quarto de dormir da sua casa.
Seu vestido mais parecia uma camisola, vestimenta que as mulheres de antigamente usavam para dormir.
“Sei que os tempos são outros, mas é, por isso que meus colegas professores se vestem tão informalmente”? Indagou ele.
O meu jovem colega prossegue achando que não é o tempo que alterou profundamente o modo de vestir dos professores.
Relata que alguns anos atrás foi a uma reunião do nosso sindicato e ficou impressionado como os professores e professoras estavam malvestidos com roupas velhas, amarrotadas, que sugerem descuido.
Lembra que seu padrasto era um homem simples, peão de obras, que trabalhava como operador de máquinas, mas a roupa dele, embora tivesse remendos, era passada impecavelmente.
Ele saia de casa com calça e camisa bem passados e botinas sempre limpas.
“E os nossos alunos vão as aulas na UFMT de bermudas, chinelos e camisas de times de futebol. ” Comentou.
“Vestir de uma maneira informal na universidade eu compreendo, andar malvestido não entendo”- finalizou seu depoimento.
No início da FUFMT em 1971, os professores do curso de Direito só davam aulas de terno e gravata.
Nos outros cursos os professores lecionavam de terno completo, calça comprida, sapatos, camisa e paletó ou blazer, calça comprida e camisa.
Sempre trabalhei como reitor de camisa de mangas curtas, calça comprida e calçados limpos.
Só usava terno completo nas recepções oficiais e grandes eventos da UFMT.
Recebi o presidente escolhido na FUFMT, General Ernesto Geisel, de calça comprida e camisa limpa bem passadas, sapatos limpos, em 1974.
Nossas professoras, muitas delas, estavam sempre bem vestidas, maquiadas e cabelos feitos, mesmo para as aulas das sete e meia da manhã.
Os tempos modernos vivem a nos surpreender, inclusive nos hábitos de nos vestirmos!
Gabriel Novis Neves
08-12-2022
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