É
designado gramaticalmente como o tempo entre o nascer e o morrer. Isso, na
nossa cultura ocidental cristã.
Como
a vida não é um longo caminho a percorrer como nos ensina, e sim, um ciclo que
contém o mistério do tempo do seu fechamento, há pessoas vitimadas por
sofrimentos aceitáveis ou evitáveis, muitos por antecipação.
Invadimos
o terreno dos desprazeres, como a perda de um ente querido.
Durante
a espera da finitude muitos entram em sofrimento.
Depois
de concretizado o fechamento do ciclo vital, esse padecimento costuma se
exacerbar, levando a vítima desse distúrbio psicológico a um permanente estado
de debilidade emocional.
Mesmo
conhecendo os mecanismos da morte causadoras da doença do luto, muitas vezes
fracassamos diante da realidade.
Freud
afirmava - baseado em experiência própria de consultório - que o sofrimento do
luto tinha a duração de um ano, fato este sem comprovação científica.
O
sofrimento do luto pode ser agudo logo após a partida da pessoa amada, ou
tardia.
Pelas
evidências, o luto tardio tende à cronicidade, e seu tratamento é muito
difícil, e depende de grandes estímulos externos.
O
sofrimento agudo é causado por um trauma psicológico tão forte que essas
vítimas, quando restabelecidas desse verdadeiro nocaute emocional, estão
curadas.
“Porque
andei sempre sobre meus pés, doeu-me às vezes viver”. Mia Couto.
A
vida deve prosseguir, porém, muitos estão envolvidos nos ditames sociais e
hipócritas das regras comportamentais.
As
religiões, de um modo geral - particularmente a judaica cristã - estão
impregnadas de mitos e dogmas e que no conjunto nos transformam em grandes
culpados.
Esses
sentimentos vão se arraigando pela vida afora e são, em muitos casos,
responsáveis por inúmeras doenças psicossomáticas.
A
convivência com o conhecido "pecado original" é a principal causadora
dos distúrbios afetivo-sexuais que infligem muitas dores às pessoas.
O
sofrimento sem cumplicidade é insuportável, mas assim mesmo temos de continuar
a viver.
Essa
reversão pode acontecer sobre as bênçãos da sorte, a proteção do imponderável
e, na maior parte das vezes, diante de uma boa terapia.
Não
é fácil viver, embora, poetas e músicos têm na arte de viver um dos seus temas
prediletos.
“O
pior sofrimento está na solidão que o acompanha”. André Malraux.
Gabriel
Novis Neves
12-06-2016
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