Fiz
uma recente viagem ao Chile. Voltei absolutamente encantado por aquele pequeno
país da nossa América do Sul.
Os
últimos (ou primeiros) vinte cinco minutos de um voo de quatro horas e meia são
os momentos mais deslumbrantes da viagem. É quando sobrevoamos a imensa
Cordilheira dos Andes. Um impacto inesquecível - fascinante e ao mesmo tempo
uma aterradora visão.
Num
raro dia de visibilidade total, a vasta cobertura de neve nas montanhas de diferentes alturas e formatos, dá a real dimensão do quanto somos pequenos no
universo.
Impossível
não lembrar imediatamente do acidente aéreo ali ocorrido há alguns anos em que
uns poucos sobreviventes tiveram que praticar o canibalismo.
Aliás,
difícil imaginar alguém sobreviver em condições tão desfavoráveis.
Desde
o pouso, logo em seguida, Santiago se mostrou uma cidade moderna, muito bem
cuidada e com um povo extremamente educado e receptivo.
Cercada
pela Cordilheira, encontra-se num vale a quinhentos e quarenta metros de
altitude e com uma população de seis milhões de habitantes. No total, o país
conta com vinte e seis milhões de habitantes.
Logo
nos fascinam os inúmeros prédios modernos ao longo da cidade, todos construídos
segundo as normas tecnológicas vigentes à prova de abalos sísmicos.
Chama
também a atenção a extrema limpeza das ruas e avenidas, todas muito arborizadas
e com um calçamento impecável.
Sua
polícia montada, superelegante, é considerada a terceira mais eficiente do
mundo e é vista com frequência nos lugares mais movimentados.
Crianças
de rua, nem pensar! E, mesmo nos bairros mais pobres, pessoas decentemente
vestidas, agasalhadas para o frio local de sete graus centígrados nessa época
do ano.
Incrível
como um povo tão ameaçado pela inospitalidade da natureza comporta-se com tanta
tranquilidade!
O
Chile é considerado o segundo país com o maior número de terremotos e de
vulcões do planeta, apenas suplantado pela Indonésia.
Para
minha surpresa, uma gastronomia de alto nível, graças à excepcional qualidade
de seus frutos do mar representados pela centolla (caranguejo gigante que
também existe no Alasca) e seus moluscos típicos de águas geladas tais como,
“los locos”, “las machas” e “los ostiones”, todos alucinantes para as papilas
gustativas mais exigentes.
Como
se não bastasse, aquelas iguarias vinham acompanhadas por vinhos considerados
de excepcional qualidade, reconhecidos internacionalmente.
Num
dos hotéis mais luxuosos da cidade encontra-se a maior adega da América do Sul
e que decora a fachada do hall de entrada do hotel. Lá existe uma imensa
boutique de vinhos onde podem ser adquiridos, inclusive, os de safra rara.
Como
nem tudo é perfeito, também nesse pequeno reduto de organização, há escândalos
no ar sobre corrupção da
governança atual, tudo sendo averiguado.
Enfim,
tristeza na hora de voltar desse país modelo de organização, uma verdadeira
pérola na América do Sul e, principalmente, voltar para a nossa triste e
deprimente realidade socioeconômica, apesar de uma natureza tão acolhedora e
rica.
Será
que merecemos mesmo todo esse desprezo e toda essa apatia dos nossos
governantes aos quais temos sido submetidos nesses mais de quinhentos anos de
existência?
Como
diz a música, “quem paga para que fiquemos assim”?
Já
é hora do Brasil “mostrar a sua cara”.
Gabriel
Novis Neves
15-06-2015
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