Certa
ocasião, perguntei a um colega que não encontrava há muitos anos, se ele ainda
atendia no consultório.
Respondeu-me
que, apesar de pacientes não lhe faltarem, notou que depois de realizados a
anamnese e o exame físico, no momento de prescrever a medicação, por alguns
intermináveis segundos a memória se ausentava e não se lembrava do nome do
medicamento.
Isso
lhe causava imenso desconforto diante do paciente. A repetição desse episódio
fez com que ele encerrasse as suas atividades médicas no consultório.
Atualmente,
leva uma vida tranquila, normal, sem angústias, usufruindo de tudo que plantou
por mais de meio século em sua atividade hipocratiana.
Surgiu
então o escritor, que acaba de publicar, com sucesso, o seu segundo livro de
assuntos não médicos.
A
vida nos coloca frente a variadas situações. Quando enfrentadas com
naturalidade e sabedoria, com certeza, nos levam a caminhos inimagináveis.
Daquele
lapso de memória comum aos idosos, nasceu um escritor premiado pela Academia
Brasileira de Escritores Médicos!
Quando
de um limão fazemos uma limonada, a vida torna-se mais suave e bela,
levando-nos a rumos nunca antes sonhados.
As
dificuldades existem para serem ultrapassadas, de uma maneira ou de outra, ao
sabor da nossa intuição.
Temos
tantas possibilidades de substituições, algumas vezes surpreendentes até para
nós mesmos.
A
história da humanidade está repleta de exemplos de superação que nos emocionam.
Zeca
Pagodinho, o filósofo do samba, acertou em cheio quando emoldurou a letra de um
de seus maiores sucessos com a frase: “deixa a vida me levar”.
Sem
destino, muitas vezes encontramos uma grande felicidade.
A
sabedoria em entender a vida, cheia de altos e baixos, como as ondas do mar,
nos deixará em nosso definitivo lugar.
O
segredo é entender que a vida não é, e nunca será, certinha, como desejam
muitos perfeccionistas.
Como
escreveu Guimarães Rosa, “o importante é a travessia”.
A
vida só não pode ser banal, fútil, idiota, para quem tenta apequená-la, pois
ela é grande demais para ser vivida no curto espaço de tempo em que por aqui
permanecemos.
Gabriel
Novis Neves
30-06-2015
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