A
criança só adquire o legado da miséria humana após os primeiros anos de vida.
Até
então, são seres alegres, brincalhões, criativos. Passam o dia viajando nas
suas fantasias, o que lhes causa grandes alegrias.
Quando
encontramos uma criança prematuramente triste, acreditamos que ela foi
sensibilizada pela maldade humana, fazendo-nos pensar na inviabilidade das
raças.
Isso
ocorre quando são obrigadas a trocarem brinquedos e folguedos infantis por
tarefas de responsabilidades impróprias e prejudiciais à sua faixa etária.
Nas
populações marginais essas crianças são exploradas em missões de alto-risco,
como no tráfico de drogas.
Ordens
são disponibilizadas para fazerem a comercialização do pó maldito ou entrarem para
o exército de proteção aos criminosos infratores, bloqueando suas fortalezas,
fortemente armados, dispostos a matar ou morrer em luta contra gangues rivais e
contra a polícia, isto por absoluta falta de alternativa de vida.
Vivendo
neste mundo cão, sem leis e ausência de políticas públicas, esses menores se
transformam em criminosos de alta periculosidade - a grande maioria tem menos
de dezoito anos de idade.
Tornam-se
crianças tristes sem presente e, muito menos, futuro.
Neste
momento transita no Congresso Nacional uma lei que diminui a idade para punir o
menor infrator de dezoito para dezesseis anos.
Seria
a solução ideal para nossas crianças tristes que há muito são mortas-vivas?
Acredito
que o remédio ideal para esse tipo de mal social seria a construção de belas e
confortáveis escolas, com ensino de qualidade, para abrigarem em tempo integral
essas crianças, velho sonho de Brizola e Darcy Ribeiro.
Cadeia
não é centro de ressocialização, e sim, lugar de aprimoramento da bandidagem.
Enquanto
existirem pelas nossas ruas menores perambulando, sem casa, família e apoio
social, continuaremos a encontrar crianças delinquentes, dependentes químicas,
vítimas da miséria dos homens, tenham elas oito ou dezoito anos.
Cadeia
também não educa, e retira a última chance de recuperação de um menor em
perigo.
Repito. Escola para todas as crianças carentes em
tempo integral com atendimento multidisciplinar é o único jeito capaz de
atenuar este grave quadro social que vivemos.
Diminuição
da maioridade penal é uma invencionice dos nossos despreparados e inabilitados
gestores públicos que não entendem que criança é criança e, como tal, merece
toda a atenção do estado.
Gabriel
Novis Neves
07-06-2015
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