Há
dias assisti a uma palestra proferida pelo professor-doutor, médico, José Pedro
Gonçalves, no Hospital do Câncer de Cuiabá sobre cuidados paliativos para os
doentes em estado terminal.
De
maneira sucinta e didática transmitiu informações sobre essa nova especialidade
médica que surgiu nas últimas décadas com a intenção de alertar aos
profissionais de saúde, principalmente médicos, sobre a limitação da ciência
médica.
Algumas
vezes podemos oferecer curas, outras
vezes alívio e, não raramente, nem isso.
O
importante é que as pessoas cheguem ao final do seu ciclo vital com boa
qualidade de existência e com o mínimo de sofrimento possível.
Apreendemos
em criança que deveríamos sempre vencer as limitações encontradas pelo caminho.
Entretanto,
com o passar do tempo, observei e aprendi a aceitar os limites que a idade nos
impõe.
Não
é fácil determinar o momento de parar de enfrentar os limites impostos pela
vida e, ao mesmo tempo, tirarmos o melhor proveito dela.
Às
vezes, o custo em desafiá-la extrapola os benefícios.
Ajudar
alguém a lidar com a dificuldade de definir esse momento é um dos prêmios mais
dolorosos e privilegiados na vida de uma pessoa.
Entender
que a vida é curta demais, e que o lugar de cada um de nós no mundo é pequeno,
parece uma tarefa simples, porém, na realidade, é uma das mais complexas
encruzilhadas vivenciais - tão bem estudadas por Atul Gawande, médico americano
filho de indiano.
O
homem é o único ser que sabe que vai morrer, mas ignora essa dádiva. Dádiva que
nos permite, entre muitas outras coisas, externar nossos últimos desejos e
orientar nossa família.
Hoje
já existe um entendimento mais racional sobre a nossa finitude, momento
derradeiro de uma vida repleta de perseverança, aceitação dos limites e últimos
desejos.
Pertencemos
a uma cultura que não aprendeu a lidar com a morte e, portanto, fingimos que
ela não existe.
Somente
nos últimos anos começaram a aparecer os especialistas em cuidados paliativos,
que são os verdadeiros zeladores da maneira mais suave de encarar os momentos
finais de nossa bela viagem pelo planeta Terra.
Assim
como a vida, o poder do médico também é finito, e isso tem de ser entendido de
uma maneira tranquila.
Gabriel
Novis Neves
30-06-2015
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