A idade avançada (IA) nos causa muitos embaraços, especialmente àqueles relacionados à morte.
Quanto mais vivemos mais nos aproximamos da morte, assim diz a natureza.
Depois que completei oitenta e cinco anos penso todos os dias na morte.
Como será? É a pergunta certa de todos que têm vida!
Ainda vai demorar quanto tempo para isso acontecer? Vou morrer aos poucos ou de morte súbita?
Esse pensamento diário sobre a morte só aumenta o meu padecer.
Nossa sociedade hipócrita insiste a nos convencer que a velhice é a melhor fase da vida.
Jovem, nunca pensei em envelhecer, embora soubesse ser um processo fisiológico e só não chegaria lá se falecesse antes.
Sempre cuidei, e bem, da minha saúde, apesar de ter tido uma vida cheia de stresses pelas barreiras naturais que tive que enfrentar.
Minha maior preocupação foi em deixar um legado aos meus descendentes e à sociedade.
Como acumulei idade tenho mais histórias, e nada me fazia pensar sobre a morte.
A morte atualmente faz parte do meu cotidiano, e como me incomoda, resolvi enfrentá-la escrevendo sobre ela.
Tenho intimidade com ela, pois como médico sempre trabalhei para derrotá-la, sabendo nem sempre ser isso possível.
Existe a data ideal apenas para se nascer, e a data para morrer continua sendo uma incógnita.
E a vida é um percurso que só tem ida, não existindo um retorno para correção.
Aquele que determina a data para morrer comete o suicídio, que é um ato que está relacionado aos transtornos mentais.
Tratamentos psiquiátricos poderão prevenir o suicídio.
Alguns personagens históricos cometeram suicídio, como o Presidente Getúlio Vargas no Palácio do Catete em 1954, com um tiro no coração, e foi um ato político consequência de um forte trauma sofrido.
Sufocado pelo escândalo político conhecido como “mar de lama”, o Presidente Vargas abreviou o seu tempo de vida entre nós e preferiu a eternidade da história a viver na desonra.
Ausente de nós fisicamente, através dos seus herdeiros políticos continuou vencendo as eleições, até o movimento de 1964.
Com a volta das eleições diretas em 1982, o Presidente Vargas foi fundamental para a vitória da eleição do gaúcho Leonel Brizola para o governo do Estado da Guanabara.
Pensar diariamente na morte é obsessão, que é um tipo de distúrbio mental descrito por Freud como um tipo de neurose, e é adquirida.
Diferente da causa maior dos suicídios que é a esquizofrenia e o transtorno bipolar, que são psicoses.
Para aqueles que cometem o suicídio, só a morte para explicar o motivo.
Eu tenho mais medo de cometer o suicídio que da morte natural, destino certo de todos nós.
Gabriel Novis Neves
11-01-2023
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