Não gosto de ficar sem fazer nada, principalmente à noite, quando certos pensamentos teimam em tomar conta de mim.
É quando percebo que aquelas pequenas coisas que eram da nossa rotina, não consigo mais fazer.
Aí o melhor é procurar dormir e pedir a Deus, para não ter pesadelos.
Fico me lembrando quando podia colocar um sapato, amarrar os cordões e sair de casa para jantar em um restaurante.
Hoje não posso mais fazer isso, e sei que aqueles dias não voltarão mais.
Como era bom os tempos de criança e juventude, onde o limite era o infinito!
Naquela época nunca pensei que seria velho e não sabia como era ser velho.
Desconhecia que teria que usar medicamentos de uso contínuo, para preservar a minha saúde.
Muitas emoções foram desaparecendo com o aumento dos anos.
Nasci só, logo perdendo o espaço afetivo conquistado junto aos pais com a chegada dos meus oito irmãos e tudo que perdi não voltou mais.
Saí de casa para estudar fora, e quando retornei casado não morei mais com os meus pais.
Fiquei com a minha mulher, e a nossa casa voltou a se preencher com a chegada rápida dos meus três filhos.
Nunca imaginei que pudesse ficar só.
Para mim esse grupo jamais seria desfeito.
As crianças cresceram, estudaram e cedo casaram, me deixando só com a Regina, que imaginava ser uma união eterna.
Nunca pensei que ela pudesse morrer tão jovem, pois vendia saúde.
Voltei a viver como eu nasci, só, nesse imenso mundo afetivo, sofrendo todas as intempéries de uma vida prolongada.
Ninguém me ensinou como será daqui pra frente, não adiantando perder tempo pensando.
Ficar sem fazer nada é isso que dá.
Pensamos o tempo todo nas coisas que aconteceram em nossas vidas e foram importantes, e nem percebemos para valorizar mais esses momentos.
Agora sei que o que passou não volta mais.
Gabriel Novis Neves
06-12-2022
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.