Graças a minha longevidade fui sorteado para responder, pela primeira vez, o questionário do novo Censo.
É importante que todos os habitantes desta nação sejam recenseados.
Esses dados coletados reverterão em políticas públicas que trarão benefícios à nossa população.
Respondi às questões pelo whtsap, e elas foram curtas e objetivas, ou “curto e grosso” no linguajar do jornalista Vila.
Porém, uma delas me causou surpresa.
No questionário não me foi perguntado quantos metros quadrados possuía minha habitação, e nem o número de quartos.
A funcionária do IBGE queria saber apenas quantas pessoas moravam comigo e o número de banheiros existentes no apartamento.
Apesar de achar a pergunta muito esquisita para um censo em apartamento em bairro nobre da cidade, respondi que morava só e meu apartamento tinha seis banheiros.
Estatística não é matemática e o resultado de dois mais dois nem sempre são quatro.
Como dizia nosso economista e embaixador Roberto Campos, estatística é igual biquíni – mostra tudo e esconde o essencial.
Estatística aqui no Brasil vem perdendo muito da sua credibilidade há anos.
As empresas privadas de opinião pública, muitas vezes atendem interesses de quem as contrata, e seus resultados são desastrosos.
Em 1968 eu era Secretário de Educação do Estado de Mato Grosso, ainda não dividido, é fui obrigado a preencher extenso e detalhado questionário para o MEC.
A Secretaria na ocasião não tinha um departamento de estatística organizado.
Nosso Estado era colossal nas suas dimensões territoriais.
Em alguns municípios como Aripuanã, não havia sequer uma sala de aula.
A fiscalização era quase nula pelas distâncias.
Nossas escolas rurais predominavam no velho Mato Grosso, com limites ao sul com os estados de São Paulo, Paraná, e com o Paraguai e Bolívia, na segunda maior faixa de fronteira do Brasil.
Os políticos da região eram quem conheciam, e bem, nossas escolas rurais, inclusive, indicando seus professores para serem nomeados.
A Secretaria de Educação era o maior cabo eleitoral de Mato Grosso curral.
Diante da minha dificuldade em responder ao questionário para o MEC, fui pedir socorro ao governador Pedro Pedrossian.
Em poucos minutos o trabalho estava concluído, com todas as perguntas respondidas, e encaminhado ao MEC.
Com certeza, se bem conheço a burocracia brasileira, deverá estar no “arquivo morto” da instituição educacional.
Custei a entender que a burocracia oferece muitos empregos, exercendo um importante trabalho social.
O que o novo censo trará de benefícios com os meus seis banheiros?
Gabriel Novis Neves
22-12-2022
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