quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

ANO NOVO


Acordei no primeiro dia do ano novo e a única diferença que notei na cidade foi o silêncio abismal.


Apenas o latido dos cães me fazendo companhia.


De vez em quando um ou outro barulho de um automóvel pequeno na rua, que parecia bastante distante.


Deitei-me às nove horas do dia 31 de dezembro e não ouvi o tradicional foguetório da meia noite.


Ao acordar, a minha enfermeira Andrea me fala do barulheiro dos fogos do ano novo.


Sentida, me disse que a sua dócil cadelinha, com o barulho da meia-noite, havia fugido de casa deixando as crianças desoladas.


Eu não ouvi patavina do barulho da cidade, pois dormia profundamente.


Isso fez com que minha enfermeira se levantasse do seu quarto para verificar se eu estava bem.


Seu cuidado foi tanto que nem percebi a sua aproximação para verificar se estava respirando, fato que me revelou na mesa do café.


Já entrei o ano novo, de todas e formas e como a vida acredito ser um ciclo, voltei a ser criança, e o último do ano foi três horas mais curtas e o primeiro dia se iniciou às sete horas do dia seguinte.


Os irmãos meus contemporâneos (mais de 80) estão seguindo meu exemplo, e os mais crianças não sentem o prazer de ficarem acordados, comendo, bebendo e dançando.


Todos preferem ficar em casa na noite simbólica sem filhos, netos e bisnetos.


A realidade inicia logo no dia 2 de janeiro, uma segunda feira com o pagamento dos boletos, começando pela taxa exorbitante do condomínio.


Mas o mundo não para, e à meia noite do último dia do ano ou primeiro minuto do ano novo, se inicia o carnaval e as músicas tocadas no rádio e televisão são marchinhas ou sambas carnavalescos.


Após dois anos de distanciamento social motivado pela pandemia causada pelo Covid 19, este não desapareceu, mas a ordem foi liberar geral.


Teremos carnaval nos sambódromos, ruas, com desfiles das escolas de samba, trios elétricos e blocos tradicionais.


Muito dinheiro girando nestas festas com milhares de turistas nacionais e internacionais, findas as quais o sonho acabou.


É pegar no batente que o ano novo já começou a envelhecer, e se for bom como o anterior para mim já serve.


Gabriel Novis Neves

01-01-2023





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