Nada melhor antes de dormir que consultar o google até o sono chegar.
A gente fica sabendo de coisas curiosas, não importando serem verdadeiras ou não.
Fiquei sabendo, por exemplo, que “certo cantor e ator famoso está no seu sétimo casamento, e a rainha do rebolado está no seu 18º casamento”.
Quer coisa mais desinteressante que a estranha Copa do Catar com as intermináveis mesas redondas dos canais de TV?
Com a eliminação do Brasil pela Croácia, ficamos livres das falações sobre os nossos super-jogadores e treinador.
Restaram-nos as infindáveis discussões da equipe de transição do novo governo federal, cujo chefe é o preparado vice eleito, mas muito perigoso para ser vice, com o seu currículo de sucesso para assumir o cargo principal.
É ruim ter o “Chuchu” de Pindamonhangaba como vice...
Consultando aleatoriamente o google, por falta de opções, a gente não sente o tempo passar, e logo chega a minha hora de dormir, sempre em torno das nove da noite.
Já fui de dormir tarde e acordar cedo para trabalhar com alegria.
Certa ocasião à noite em minha casa, Augusto Mário Vieira – um assíduo frequentador, me disse:
“Esta é uma das últimas casas cuiabanas, que preenchem as nossas noites”.
O poeta Augusto Mário Vieira, político, fazendeiro, conhecido como “Bandeirante no Ar”, nome do seu programa radiofônico de sucesso, na década de cinquenta da rádio “A Voz D’Oeste”.
Fundada por Jerci Jacob, ficava na rua 13 de Junho, no casarão que foi residência e consultório do Dr. Antônio Epaminondas, em frente à Praça Ipiranga.
Ele não imaginava que essas reuniões, seriam substituídas pelo google, acessíveis em pequenos celulares.
Com a pandemia foi instituído o distanciamento das pessoas.
Infelizmente este veio para ficar.
As vacinas amenizaram, mas as novas cepas do vírus do Covid 19 continuam fazendo vítimas.
Não temos mais um lugar para fofocar ou ficar sabendo das últimas da vida alheia, inclusive das nossas, acompanhado de um bom escocês envelhecido e de guloseimas.
Minha casa no bairro do Porto marcou época na vida da nossa cidade, frequentada por políticos, jornalistas, intelectuais e colegas da universidade.
Tudo que acontecia em Cuiabá passava pela casa da entrada do Morro do Tambor.
Por motivos de segurança, mudei-me para um apartamento que ficava no bairro Goiabeiras, depois Popular e agora Duque de Caxias.
Goiabeiras por que ficava numa chácara onde era abundante essa fruta.
Popular por que anos depois foram construídas em parte do seu terreno, as chamadas “casas populares”.
Duque de Caxias por estar nas proximidades do quartel do 16º Batalhão de Caçadores.
Bem antes da pandemia, as reuniões em minha casa aconteciam aos sábados e domingos.
Começavam no café da manhã, almoço e invadiam até o horário do futebol, quando havia a dispersão do pessoal.
Com a morte da minha mulher e a idade avançada fiquei só, e à noite, além da maravilhosa vista da cidade, tenho o google para me ajudar a chamar o sono.
Gabriel Novis Neves
09-12-2022
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