sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

INHANHÁ


Quando era criança, as amigas da minha mãe perguntavam à ela como estava passando com o seu bando de filhos para criar e educar.


Ela sempre respondia com o provérbio muito utilizado naquela época: “na mesma inhanhá”.


A pessoa compreendia que tudo na sua vida caminhava normalmente, numa repetição de dias, meses e anos.


Hoje esse provérbio não é mais utilizado e só pessoas na minha idade ainda se lembra dele.


Os provérbios são expressões bem-humoradas, e minha mãe respondia com graça as perguntas que lhe eram feitas.


Meu avô Alberto Novis era um extraordinário comunicador através de provérbios.


Hoje esse tipo de comunicação pertence ao repertório dos humoristas profissionais, e facilmente provocam o riso espontâneo.


Os provérbios são dos tempos das conversas nas calçadas da porta das casas cuiabanas, encontros casuais nas ruas, no bar do Bugre ou programas radiofônicos de humor, quando a interpretação do artista e a imaginação do ouvinte davam graça ao provérbio.


Com o advento da televisão cenários foram montados, facilitando mais a graça genuína do provérbio.


O provérbio é uma frase curta, geralmente de origem popular ou religiosa, com ritmo e rima, que sintetiza um conceito a respeito da realidade ou de uma regra social ou moral.


A Bíblia está cheia de pequenas frases que visam aconselhar, educar, edificar.


Carregam conhecimento, transmitem sabedoria de quem fala e lição para quem ouve.


Alguns provérbios muito usados:


A César o que é de César, a Deus o que é de Deus...


Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura...


A pressa é a inimiga da perfeição...


À noite todos os gatos são pardos...


Antes só que mal acompanhado...


As aparências enganam...


Filho de peixe, peixinho é....


Gato escaldado tem medo de água fria...


Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão...


Macaco velho não pula em galho seco...


O casamento é um ato de sabedoria, tanto quanto o adultério é um ato de loucura.


Mentira tem perna curta...


Mais vale um pássaro na mão do que dois voando...


Hoje não se utiliza tantos os provérbios, que por ser tradição com os anos vão sendo esquecidos.


A falta da sua repetição nos dias atuais não chegam ao conhecimento das novas gerações e pertencem aos tradicionalistas e estudiosos da língua portuguesa nas academias.


Para mim continua tudo na mesma inhanhá.


Gabriel Novis Neves

27-12-2022




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