De onde você menos espera, encontra um sofredor por amor, aquela doencinha enjoada de difícil cura, cujo remédio mais conhecido é o tempo. O tempo cura, às vezes deixando sérias sequelas, pois sempre vem à lembrança a doença do amor interrompido.
Ouvi depoimento recente de uma sofredora de amor, mulher realizada na sua bela profissão, com aposentadoria digna e vida empresarial de sucesso. Filhos criados e casados, tinha todos os requisitos que uma sociedade de consumo exige para conquistar a felicidade.
Confessou-me pelo telefone estar sofrendo terrivelmente e que após a quarentena da terceira dose do COVID, virá em minha casa para desabafar. Perguntou se eu estava bem para ouvir dramas humanos de infelicidade. Estou sempre protegido para ouvir e guardar essas confissões humanas, onde poucos procuram um médico, amigo ou padre para a catarse.
A humanidade está triste e a alegria que às vezes encontramos ou é “fake” ou propaganda enganosa, pois no mundo que vivemos só temos direito a relâmpagos de felicidade.
Os homens são mais refratários a contar suas desventuras, vivendo muito mal consigo mesmo. Esse sofrimento por amor atinge também os jovens que, por incrível que pareça, tratam melhor esses problemas que os adultos.
Existem tratamentos médicos para “essa doença”, como cuidados de um bom analista por tempo indeterminado, só possível a uma pequena parcela da população. A maioria desses sofredores passa a vida toda experimentando a extensa lista de tratamentos alternativos.
Alguns colocam no papel o que sentem em versos, logo colados as melodias, e são chamadas de “músicas de dor de cotovelo”. Todos nós sofremos de alguma doença do corpo ou da alma, como são chamadas as dores do amor.
Gabriel Novis Neves
30-09-2921
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