quarta-feira, 13 de outubro de 2021

"SEM TEMPO, MANO!"


Às vezes fico pensando sobre a qualidade das crônicas que escrevo diariamente e que repasso aos amigos. Alguns leem e comentam, outros lêem, alguns não visualizam pelo wattsapp, isto é não lêem, e finalmente já houve um sincero amigo que pediu que não a enviassem mais, pois não tinha tempo para ler.


Os que comentam o conteúdo das crônicas ajudam quem escreve a melhorar sempre seu trabalho, que envolve descrever e criar emoções -, no caso de escrever sobre o cotidiano -, principalmente.


Aqueles que simplesmente leem, servem para contabilizar o número de acessos no blog que as publicou.  Os que não leem, não ajudam em nada quem escreve.


Finalmente, um único amigo pediu para não enviar mais os escritos, demonstrando enorme sinceridade, assim traduzindo o seu momento pessoal atual - talvez idêntico ao de milhares de pessoas. 


Nossos jovens também não têm tempo para a leitura, mesmo sendo um texto de quarenta linhas.  Não se deliciam por permitir que a mente crie imagens sobre o que lêem, talvez nem tenham aprendido à fazer isso, que é o resultado lúdico das leituras, raiz da imaginação, da criatividade, do fortalecimento do imaginário.  


Preferem - como dizem - que o conteúdo das crônicas sejam traduzidos em pequenos filmes ou sintetizadas pelo Tick-tock, com duração de alguns segundos.


O sul mato-grossense Almir Sater compôs uma música na qual dizia que agora não tinha mais pressa e que isso pertencia ao seu passado. 


Fico intrigado para entender porque nossos jovens têm tanta pressa.  Será que acham que a juventude não os ajuda em nada, e querem queimar etapas, chegando logo a serem idosos?  Ou têm medo do presente, sentindo-se mais seguros na idade adulta, onde realmente não há muita pressa para chegar ao ponto final das nossas ilusões e fantasias?


O jovem, pelo menos os de antigamente, tinham muitos planos para o futuro, como trabalhar, se tornar independentes, responder por suas obrigações civis e da cidadania, depois se aposentar e viajar mundo a fora.  Os de hoje podem conhecer o mundo pela internet e muitos sequer saíram da casa dos pais. 


Tanta pressa - de que não sei - realmente não apresenta serventia, senão para gerar as ansiedades que melhor se observam nos atendimentos psiquiátricos e no desenvolvimento de fármacos específicos.


O mundo sempre trouxe mudanças, embora de forma mais lenta. No moderno, onde tudo acontece muito mais rápido - com o desenvolvimento das comunicações instantâneas,  a pressa apareceu para contrariar a sabedoria do poeta, o mesmo  que dizia que um dia teve pressa, e hoje não tem mais.


Como tenho atualmente todo o meu tempo disponível, continuarei me distraindo, escrevendo crônicas, tentando compartilhar emoções com meus leitores.


Gabriel Novis Neves

08-10-2021




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