Pedro, nosso irmão que nos deixou há quase três anos, escreveu uma deliciosa crônica sobre os nove filhos do casal Olyntho Neves e Irene Novis. Gostaria de reproduzi-la no meu espaço, mas não sei onde coloquei. Sou cobrado também para escrever sobre eles, já que escrevo sobre muita gente e nunca falei sobre os filhos do casal.
Não sei se a minha mãe fez planejamento familiar, mas seus filhos nasceram em dois blocos. Os quatro primeiros de 1935 a 1941, Gabriel, Yara, Pedro e Inon, nasceram na casa da Rua de Baixo. De 1946 até 1955, na casa da Rua do Campo, nasceram, Ylclea, Antonieta Eugenia, Olyntho, Aracy e Ana Beatriz. Dos nove, dois são falecidos – Antonieta Eugênia (Tieta) e Pedro.
Naquela época o pré-natal consistia em dar vitamina à gestante e fazer exame de pesquisa de albumina na urina, para prevenção da eclampsia, patologia da gravidez, temida por todos, pois matava feto e mãe. O parto era realizado em casa por parteiras e médicos.
Mamãe teve férteis períodos de gestação, sem nenhuma complicação. O que me deixava intrigado era o espaço entre os quatro primeiros filhos e os cinco restantes.
Estava recém-formado de medicina, ainda estagiando no Rio de Janeiro, quando minha mãe mandou-me carta, queixando-se de muito mal-estar. Pedi para que viesse ao Rio, pelas facilidades que teria de um tratamento melhor. Levei-a ao consultório do professor Cardoso de Castro, e este lhe pediu um Raio X do abdome.
O exame revelou pedras na vesícula, motivo de todo seu mal-estar. O tratamento seria cirúrgico e o procedimento feito pelo professor Fernando Paulino, na Clínica São Miguel em Botafogo, referência hospitalar naquela época. Foram solicitados alguns exames pré-operatórios. Nessa ocasião descobrimos que ela era fator A, Rh negativa.
Voltando completamente curada, fui atrás do meu pai para exame de sangue, e descobrimos ser o mesmo Rh positivo. A incompatibilidade sanguínea pelo fator Rh era pouco conhecida naquela época.
Descoberto o mistério do sucesso de um vida longa reprodutiva de sucesso, sem nenhum aborto ou parto prematuro. Os primeiros filhos todos são Rh negativos, eu sou A negativo. Ignorando a ciência, esse fato não sensibilizou nossa mãe para os próximos partos; o mesmo acontecendo com Yara, Pedro e Inon. O grande intervalo para a segunda turma de filhos, advindo na sequência Ylclea, Tieta, Olyntho, Aracy e Ana Beatriz, todos Rh negativos.
Hoje é a ciência médica que o afirma - mas foi a natureza, ainda antes desse postulado ser aceito como evidência -, sermos todos os nove filhos a realização de um concreto milagre de Deus!
Gabriel Novis Neves
02-10-2021
Pedro, Yara, Gabriel, Inon ( em pé). Ylclea, Olyntho, o pai OLYNTHO (Bugre), Ana Beatriz, a Mãe IRENE, Aracy e Tieta (sentados). |
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