Está chegando o “Dia das Crianças” e penso seriamente em me presentear. O meu notebook foi comprado em 2004, teve a tela queimada pelo uso e o estou aproveitando com um teclado adaptado ao velho computador, com uma tela avulsa.
Apesar de alguns meses de uso, não me adaptei a pensar as minhas crônicas - teclando com um dedo o que vem na minha cabeça - nesse novo arranjo tecnológico. O notebook já deu sinais de falência e, antes que isso aconteça, quero me presentear com um que encontrei na promoção. Sei que um novo equipamento me trará a ilusão de produzir melhores crônicas e conforto em poder escrevê-las, inclusive, deitado na cama.
Em tempos de magreza econômica, o “Dia das Crianças” justifica plenamente esse devaneio de gastança e sonho do novo aparelho com direito de ser fechado e facilmente carregado em uma mochila para qualquer lugar.
Como adulto ganhei anos atrás de um amigo, um presentão no “Dia das Crianças”, que foi o meu blog, onde estão alojadas as minhas crônicas, facilmente lidas em qualquer local do planeta.
O blog bloqueou a vaidade, em mim não existente, de publicar um livro. Como publicar um livro com 2500 crônicas se estas estão facilmente acessíveis no blog?
Os acadêmicos mais conservadores me cobram a publicação de um livro de menos de 100 crônicas, com certeza para evitar o desconforto que a não publicação de um único livro me salvaria de perguntas com o caráter de menosprezo cultural. Sei da importância do livro impresso, dos seus custos, do manusear das suas páginas, do seu “cheiro” de biblioteca.
Nos tempos atuais com novos modelos de famílias, os espaços de uma habitação não reservam mais lugares para os livros. A internet veio para substituir livros impressos, e até no ensino superior os livros técnicos são online. Estudante de medicina não compra mais livros e o conhecimento científico é lido na internet.
A impressão de um livro com as minhas crônicas continua na imaginação de alguns amigos, mesmo ganhando no “Dia das Crianças” um novo notebook.
Gabriel Novis Neves
30-09-2021
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