Alarmante
o depoimento de um gerente da Petrobrás sobre a complexidade da organização de
um sistema de propinas que passaram a fazer parte de contratos firmados entre a
empresa e as grandes empreiteiras nos últimos anos.
Segundo
ele, a propina existia anteriormente, mas não em níveis de firma contabilizada, inclusive, por
pessoas do poder executivo.
Os
detalhes dos procedimentos deixaram a nação estarrecida.
Inquirido
sobre os motivos que o levaram à delação, não por acaso chamada de premiada,
foram, logicamente, e não somente, a tentativa de uma redução de sua pena, mas
também um profundo alívio durante as confissões, já que, segundo ele mesmo
sabia, estava trilhando um caminho sem volta.
Conseguiu
avaliar os inúmeros estados de espírito pelos quais passou durante tantos anos
de delinquência.
Inicialmente
havia uma grande euforia com a visualização da vida glamorosa dos grandes
milionários, com suas viagens megalômanas, seus jatinhos modernos, enfim, todas
as delícias sonhadas por qualquer mortal.
Com
o decorrer do tempo esse estado foi se tornando depressivo e tumultuado pelo
medo.
Daí,
para a instalação da doença, é apenas um passo.
Tal
qual na ingestão de substâncias estimulantes, álcool e drogas, por exemplo, o
estado de euforia inicial vai sendo substituído por profunda depressão, e até
apatia.
Sabemos
hoje em dia que estados prolongados de tensão emocional são responsáveis por
inúmeros casos de doença cancerosa.
Aliás,
isso tem sido muito mais frequente entre políticos famosos durante seus
mandatos. Ao que parece, o sistema imunológico não consegue se manter
hígido quando pressionado além de seus
limites.
De
qualquer forma, mesmo sem a doença cancerosa, é impressionante o desgaste
físico e o envelhecimento brusco que afeta alguns líderes políticos nos seus
períodos de maior atividade no poder.
Até
que ponto o nosso sistema nervoso estaria programado para ter o seu limite de
elasticidade desrespeitado?
A
entrevista do executivo me deixou na dúvida se o poder é afrodisíaco como dizem
ou se é um poderoso cancerígeno.
Gabriel
Novis Neves
22-03-2015
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