Impressionante
a proliferação das selfies pelo mundo! Transformou-se em um forte modismo.
Estatísticas
mostram que elas são mais frequentes nas classes menos privilegiadas, como se
num grito de clamor para a sua maior visualização.
Uma
pequena cidade do interior tornou-se a campeã de selfies no Brasil.
Psicólogos
e psiquiatras de todas as partes
procuram estudar esse fenômeno que assola uma sociedade autocentrada.
Tal
como nos primórdios do aparecimento da sociedade de consumo, em
que objetos de desejo e ofertas de todos os tipos eram divulgados
exaustivamente pelas mídias através de fotos, nós agora procuramos nos divulgar
como pessoas num mundo que tenta nos
excluir.
Somos motivo de maiores interesses, apenas para consumir e gerar lucros.
Dessa
forma, procuramos nos mostrar a todo instante que estamos vivos, vibrantes e
sedutores.
Precisamos
- ao que tudo indica - desse voyeurismo para nos relacionarmos com os outros
seres humanos, já que o número de informações que nos bombardeiam acaba
excluindo o pessoal do cotidiano.
A
sensação geral é de que precisamos registrar a nossa presença no mundo, pois
todos o fazem ininterruptamente, inclusive, até em momentos íntimos.
As
gerações mais antigas se sentem meio ridículas nesse processo - a privacidade
era muito valorizada.
Os
nascidos na cultura digital adoram compartilhar todos os seus momentos. Há
menos preocupação com a insegurança de sua intimidade.
O
importante para eles é a integração, a
necessidade de se livrarem do medo da anulação.
Pintores
do passado, como Rembrandt e Van Gogh, fizeram autorretratos no intuito de
deixarem para a posteridade a imagem que gostariam de transmitir.
Dada
à ansiedade hoje promovida pelos cerca de dois mil impactos de imagens que
sofremos por dia, com certeza novos modismos surgirão nesse imenso mundo
digital ainda incipiente.
Não
esquecer também do aspecto comercial, pois muitas imagens postadas vendem muito
mais do que se divulgadas em revistas de grande circulação.
Os
mecanismos de marketing sabem muito bem
como tirar proveito de manifestações narcisistas e torná-las verdadeiras
obsessões altamente lucrativas.
Um
grande número de pessoas vem se conscientizando do mal produzido por esse excesso de exposição.
Começa
a surgir pelo mundo afora clínicas de desintoxicação digital, verdadeiros
centros para descondicionar pessoas vítimas dessa verdadeira avalanche de informações que assola o século XXI.
Gabriel
Novis Neves
22-03-2015
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