DIA DO DIA

Nossa atenta Câmara dos Vereadores deveria aprovar com urgência um projeto de lei, criando o “Dia do Dia”, para não deixar no esquecimento tanto o hoje, como o ontem e o amanhã.

Já temos em nosso calendário tantas datas remontadas que a situação seria acolher todos os dias repetidos.

Seria o modelo implantado nos cemitérios, onde aqueles entes queridos que perderam as suas covas a celebração das suas missas é realizada na Cruz das Almas, bem na entrada principal, antes da Capela para aqueles que possuem sepultura.

Não acho justo, por exemplo, eu ser festejado no dia do meu aniversário, do meu casamento, colação de grau em medicina, dia do médico, dia do parteiro, do ginecologista, do professor, do funcionário público, dos pais, dos avós, dos bisavôs.

Quando morremos temos o feriado do Dia de Finados, quando recebemos flores.

Não contando com o dia de todos, que é o dia do nascimento de Cristo.

São doze dias que recebo uma lembrancinha, pesando no orçamento dos meus filhos e netos.

Com o “dia do dia”, teríamos apenas esse dia no calendário dos dias transformados em verdadeiros feriados.

Aprendi recentemente, que agora quando uma criança nasce, todos os doze primeiros meses, no dia do seu nascimento a família comemora com bolos e salgados, o dia do dia do nascimento.

O setor de vendas comerciais não tem limites para encontrar o dia para tudo ser vendido.

Guerras, pandemias, inflação não são empecilhos para esse devastador consumismo que assola o nosso planeta.

“Tudo que abunda não prejudica”, nos ensina erroneamente um ditado popular, porisso defendo a tese de homenagear todo “dia do dia”, em um dia.

Faço uma apologia do viver e comemorar intensamente o hoje, não pensar no amanhã e esquecer o ontem.

No meio de todos os dias gira a moeda, que faz o mundo mover neste cenário do “dia do dia”, onde o dia presente evapora como o pensamento.

Nesse vai e vai do dia, vai tudo de roldão nessa incessante procura sempre do hoje sem futuro ou passado.

Gabriel Novis Neves

25-07-2022