segunda-feira, 15 de agosto de 2022

A OUTRA PARTE


Escrevi sobre o Jubileu de Prata da Faculdade de Medicina da UNIC e deixei para comentar em outra crônica a aquisição do velho Hospital Geral e transformá-lo no moderno Hospital Geral Universitário (HGU).


Acompanhado sempre do reitor Altamiro Galindo, este me mostrou diversos terrenos disponíveis à época (1997), para construção do futuro Hospital Universitário.


Lembro-me de uma excelente área localizada às margens da rodovia do Coxipó, antes do quilômetro nove, com duas frentes, ao lado de um motel.


Perguntei ao reitor sobre a vizinhança.


Ele me respondeu em tom jocoso – “o arquiteto se aprovar o terreno vai gostar de ter um motel como vizinho. Ninguém vai continuar frequentando o local, e será fácil aproveitá-lo com pequenas adaptações, para alunos da Residência Médica”.


Três dos melhores arquitetos hospitalares do Brasil foram convidados para esse trabalho.


Lembro-me de um, que me encantou com as suas propostas inovadoras de como acabar com os tradicionais postos de enfermagem.


Ele provou que durante um plantão o enfermeiro gastava o maior tempo de trabalho levando medicação aos pacientes.


Sua proposta era acabar com o posto.


O enfermeiro acompanharia o médico nas visitas, e após as prescrições, cada doente recebia envelopados os medicamentos do dia com os horários que deveriam ser tomados.


Exceções ficariam para casos onde a medicação era venosa, e assim esses trabalhadores de saúde teriam tempo de dedicar-se aos cuidados dos pacientes.


Quando parecia que o projeto estaria escolhido, um arquiteto fez a pergunta:


- Então o hospital teria duzentos leitos, e os clientes dos hospitais universitários aqui no Brasil são de pacientes do SUS, o Ministério da Saúde já foi cientificado dessas novas despesas?


Naquela época as cotas do SUS para internações hospitalares em Cuiabá estavam contempladas, e o correto seria procurar um hospital da rede de saúde com as cotas.


No Brasil as Santas-Casas foram o útero da maior parte das faculdades de medicina, e aqui foi procurada para uma parceria, onde seria transformada em hospital escola.


A diretoria não aceitou, e logo após veio a falir.


Um interventor assumiu, e o governo do Estado passou a administrá-la, sendo hoje o Hospital Metropolitano de Cuiabá.


Outra alternativa para a UNIC seria adquirir o Hospital Geral de Cuiabá.


Ele estava totalmente inadimplente, sem UTI, enfermarias fechadas, com apenas alguns leitos para a maternidade do SUS, sem crédito, devendo todo mundo no comércio, e apenas alguns abnegados médicos da obstetrícia e neonatologistas atendendo, todos com mais de trinta anos de serviços prestados ao hospital, sem carteira de trabalho.


Depois de longas conversas com o reitor e diretor da faculdade foi feito o acordo.


A UNIC assumiu todo o passivo do HGU, o irmão do reitor, Francisco Galindo (Chiquinho), assumiu a sua direção e feita ampla e profunda adaptação para Hospital Geral Universitário (HGU).


Novos e modernos ambulatórios foram criados, centro obstétrico e cirúrgico, UTI de adultos, pediatria e neonatal, enfermarias recuperadas, centro de imagens, hemodiálise, salas de aulas, farmácia, cozinha e lavanderia. Repouso de médicas e médicos para plantonistas de 24 horas. Serviço de ambulâncias, Banco de Leite e Sangue.


Laboratórios de exames clínicos, genética e imagens.


Enfim, tudo que todo bom hospital universitário deve ter.


O HGU foi uma conquista da faculdade de medicina da UNIC e uma vitória de Cuiabá, onde há 25 anos, novos médicos são formados para Cuiabá e o Brasil.


Gabriel Novis Neves

11-08-2022




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