quinta-feira, 28 de abril de 2022

UNIVERSITÁROS DA UFMT DOS ANOS 70


Em um dia desses conversei com uma excelente aluna de Direito da UFMT dos anos setenta.


Ela me confessou que na época de estudante usava “Cannabis sativa” como parte dos seus colegas e era revolucionária, sempre em luta contra os “imperialistas”!


Participou de movimentos contra a reitoria que significava o poder.


Disse que brigou muito com o reitor, fato por mim totalmente desconhecido (na época eu era reitor).


Depois tomamos rumos diferentes e deixamos de nos ver.


Eu fazendo medicina em tempo integral.


Certo dia, e lá se vão uns quinze anos, recebi um telefonema seu.


Estava como Diretor da Clínica Femina, no impedimento do Kamil, então na Presidência da Unimed.


Desejava falar comigo, mas não era consulta.


Queria falar a respeito de um assunto particular.


Marquei que me procurasse pela manhã, em um dia que não atendia no consultório.


Avisei a secretaria do hospital sobre a audiência que havia marcado.


No momento combinado a recebi.


Se não me dissesse o seu nome, não a teria reconhecida.


Nesses trinta anos de intervalo da aluna de Direito, as mudanças físicas foram acentuadas.


Nos abraçamos com emoção.


Notei que a minha ex-aluna chegou a derramar lágrimas.


Sentamos e fomos conversar, ela ainda emocionada.


Ela me disse que queria apenas me ver e pedir perdão pelos seus “arroubos juvenis”.


Acalmei-a dizendo que não me lembrava de quase nada da sua fase universitária.


Apenas que era uma aluna brilhante e idealista e nada de pessoal que pudesse ferir na minha dignidade.


Eu era o “poder constituído” ela uma aluna do seu tempo.


Desse encontro para cá tornamos grandes amigos.


Envio-lhe diariamente pelo zap as minhas crônicas.


Nunca fui seu médico, mas seu orientador na área de saúde.


Esta semana ela me telefonou para jogar conversa fora.


Lembrou que certa ocasião procurou o Secretário da Fazenda do Estado, sendo atendida pelo sub, já que o titular estava viajando.


Quando ela era estudante da UFMT ele era do Diretório Acadêmico.


Ele perguntou-lhe onde trabalhava.


Ela respondeu que era Chefe do Gabinete de um deputado estadual reconhecidamente líder da “direita truculenta” em MT.


Sorriram, pois, os dois “ revolucionários” universitários dos anos 70 trabalhavam para políticos de ideologia que sempre combateram quando jovens.


Assim é a vida, onde poucos conseguem manter a sua ideologia, quando o emprego procurado, e que sãos os melhores com invejáveis mordomias, não possuem ideologia.


Gabriel Novis Neves

19-04-2022




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