quarta-feira, 6 de abril de 2022

A ORIGEM DO “CHAMIGO”


Assim que retornei à Cuiabá tive o apoio de todos os antigos colegas.


Com boa formação Obstétrica fui logo convidado pelo Dr. Clóvis Pitaluga de Moura (Diretor Clínico da Maternidade), para ficar com o seu plantão semanal de 24 horas, ao qual nunca mais voltou por absoluta falta de tempo.


Era um dos médicos com clinica intensa, já com 30 anos de exercício da profissão.


O Dr. José Monteiro de Figueiredo (Dr. Zelito), em idênticas condições que o seu colega de turma Clóvis Pitaluga, também pediu, e eu aceitei, mais um plantão de 24 horas semanais.


É bom lembrar que esses plantões eram gratuitos e os plantonistas eram alcançáveis.


Como compensação, quando esses dois mestres da medicina faziam cirurgias, davam preferência aos plantonistas dos seus plantões para os auxiliarem.


Em Cuiabá existiam duas categorias de clientes: aqueles que podiam pagar os honorários médicos e os que não.


Os primeiros eram chamados de clientes “particulares” e os outros de “indigentes”.


Os colegas citados, Zelito e Clóvis, praticamente só operavam os particulares, ficando a maioria dos indigentes para os médicos recém-chegados.


O apelido “chamigo” ganhei da antiga auxiliar de enfermagem da maternidade, Augusta Modesto, incorporado e espalhado pelo dr. Zelito.


Vendo que eu não tinha clínica particular e era quase “plantonista permanente” da maternidade, entidade filantrópica, precisava, e muito, auxiliar as cirurgias de pacientes particulares.


Dr. Zelito, muito brincalhão, certa ocasião pediu à auxiliar de enfermagem Augusta que chamasse “um amigo” para a cesariana que iria fazer.


Ao telefone ela me chama para ajudar uma urgência.


Fui voando no meu velho Dauphine, e logo fui me escovando para o centro cirúrgico.


Lá encontrei o Dr. Zelito todo paramentado com a paciente com a veia preparada pelo anestesista Dr. Navantino Borba.


Cirurgia feita com maestria pelo Dr. Zelito, que me pediu para acompanhá-la no pós-operatório.


Essa foi a primeira das muitas cirurgias que auxiliei o Dr. Zelito, inclusive na Santa Casa da Misericórdia.


O mestre na maternidade, quando precisava de um auxiliar, pedia “um amigo”, à Augusta, Noca, Teca, Alvina, Isa, Maria Mota e Alcina, que sempre me chamavam.


Como eu que aparecia, peguei o apelido de “Chamigo”, o tratamento de sempre do Dr. Zelito e outros colegas.


“Chamigo” da maternidade não exerce mais a profissão de médico.


Não esqueceu, entretanto, dos seus “colegas protetores”.


Fico feliz em manifestar a gratidão do “Chamigo”, aos doutores Zelito, Clóvis, Francisca Loureiro Borba, Farid Seror, Paulo Epaminondas, Dito Canavarros, Marcondes Pouso Filgueira e Édio Lotufo (único vivo).


Gabriel Novis Neves  

05-04-2022





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