terça-feira, 19 de abril de 2022

HOSPITAL MONCORVO FILHO DO RIO DE JANEIRO


Antigamente, quase todas as disciplinas do curso de medicina da Universidade do Brasil mantinham seus monitores que eram alunos remunerados e escolhidos através de uma prova de seleção.


O aluno monitor tinha um “status acadêmico” de destaque e eram excelentes “professores”.


Preferia às vezes as aulas práticas dos monitores (cheias de macetes) em vez de alguns professores renomados.


No 6º ano de medicina em 1960, tinha plantão de 24h na Maternidade Pro Matre, onde ganhava algum dinheirinho quando chamado pelos professores para ajudarem alguma cirurgia particular.


Também, 24h no Hospital e Pronto Socorro Souza Aguiar, onde a remuneração era maior.


Eu já havia decidido fazer medicina do interior, com foco em ginecologia e obstetrícia.


Fiz a prova de seleção para duas vagas de monitor para a disciplina de ginecologia e fiquei com uma delas.


Era tudo que sonhava para concluir uma boa graduação em medicina.


O catedrático era o famoso professor Arnaldo de Moraes, diretor da Faculdade de Medicina e médico da mulher do Presidente da República, ministros, embaixadores e alta sociedade do Rio de janeiro.


O hospital ficava próximo ao Souza Aguiar, na rua do mesmo nome.


Minha função era de preparar material para as aulas do professor- catedrático e seus assistentes.


Também participava de atos operatórios, evolução e alta das pacientes.


Participava do atendimento ambulatorial diversificado.


Em colposcopia meu professor (Rieper), foi o introdutor desse exame no Brasil no início dos anos sessenta.


A colposcopia era e é até hoje um exame preventivo feito em consultório para diagnóstico de doenças ginecológicas, como o câncer do colo uterino.


A professora Clarice do Amaral era responsável pelo pioneiro ambulatório que tratava da Infertilidade Feminina.


A parte de endocrinologia feminina engatinhava, com o aparecimento dos meios anticoncepcionais orais, que revolucionou as relações da vida feminina.


E eu “metido nesse meio de muito aprender”.


Atendia uma vez por semana o ambulatório de ginecologia de adultos.


Certa vez, a enfermeira me trouxe o prontuário da próxima cliente que iria atender.


Pela leitura dos seus dados pessoais, verifiquei ser a mesma de Cuiabá.


Ao atendê-la perguntei-lhe se morava no Rio de Janeiro.


Ela me respondeu que morava em Cuiabá e viera para tratar em hospital do Rio, com médicos mais atualizados.


Quis saber quem era seu médico e quando me respondeu, abaixei a cabeça com vergonha de mim.


- Minha senhora. A senhora deixou de ser atendida, por um dos mais brilhantes médicos que conheço, para consultar com um estudante de medicina que está aprendendo?


- Mas, aqui eu sei que o senhor irá chamar seu professor que é muito bom, além do mais tem mais recursos que Cuiabá.


Essa senhora foi por mim operada no Hospital Moncorvo Filho, e anos depois minha cliente no Hospital Geral de Cuiabá.


Foi um ano de estágio muito proveitoso, que me serviu muito quando médico do interior.


Gabriel Novis Neves

07-02-2022








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