sábado, 2 de abril de 2022

PITORESCOS XIX


Bem antigamente, viajar para longe é quando enchíamos de gasolina o tanque do automóvel. Hoje, ao voltar do posto para casa, com o preço atual, é o de uma viagem longa.


Na Cuiabá antiga, era mania jantar no restaurante Cacimba, em Santo Antônio do Leverger.

Hoje, com o preço da gasolina vamos jantar no boteco mais perto da nossa casa.


Bem antigamente, o preço dos alimentos subia quando não chovia.

Hoje, qualquer guerra bem distante daqui, eleva o preço dos produtos da agricultura.


Na Cuiabá antiga, os preços da cesta básica não aumentaram tanto, nem na 2ª Guerra Mundial, como agora.

Bem antigamente, faziam racionamento em vez de aumentar os preços.


Na Cuiabá antiga, as funcionárias domésticas vinham para o serviço andando.

Hoje, possuem carros próprios e vêm de ônibus. O preço da gasolina não permite o uso dos seus veículos.


Bem antigamente, os ônibus eram usados como veículos coletivos para todas as classes sociais.

Hoje, só os menores, estudantes e idosos usam esse transporte, para o desespero dos seus proprietários.


Na Cuiabá antiga, as ruas às vezes pertenciam a determinadas famílias.

Hoje, pertencem a grandes construtoras de espigões de concreto.


Bem antigamente, ouvia-se muitas crianças gritarem nas ruas o nome das suas avós.

Hoje, as ruas estão silenciosas e, “vós”, só chamamos as velhinhas em casa sentadas em cadeiras de balanços.


Na Cuiabá antiga, cadeira de balanço era para sentar na porta da rua para conversar.


Bem antigamente, móveis antigos eram antigos mesmos.

Hoje, moveis antigos muitas vezes são “genéricos”.


Na Cuiabá antiga, os antigos falavam muito da Lei de Lavoisier, onde nada se perdia e tudo se aproveitava.


Bem antigamente, tudo se perdia como os restos de comidas que eram dadas aos porcos. Hoje, não criamos mais porcos nos quintais das casas, pois estas não existem mais.


Na Cuiabá antiga, faltava muita luz em Cuiabá.

Hoje, falta muita gasolina.


Bem antigamente, faltava homens para casamento, diziam.

Hoje, não dá para entender muito sobre esse assunto de casamento.


Na Cuiabá antiga, homem era diferente de mulher. Hoje, garantem que homem e mulher são a mesma coisa. São pessoas iguais(!)


Bem antigamente, conversávamos sobre sexo. Hoje, fazemos sexo.


Na Cuiabá antiga, não tínhamos receios na lua de mel. Hoje, acontecem muitas surpresas.


Bem antigamente, “mamãe vou ali e volto”, era sair para visitar o vizinho.

Hoje, vão passar uma semana nas Ilhas Maldívias.


Na Cuiabá antiga, os filhos não saiam levando a chave da porta da rua. Hoje, costumam dormir na casa da namorada.


Bem antigamente, vender as férias era vender um mês de trabalho.

Hoje, certas categorias profissionais conseguem até vender 3 férias por ano e tirar 2 férias regimentais.


Na Cuiabá antiga, todos eram iguais no trabalho e perante as leis. Hoje, muitos desconhecem as leis que são tantas!


Bem antigamente, muitos falavam que trabalhavam por amor. Hoje, nem no casamento casa-se por amor.


Na Cuiabá antiga, casamento não era negócio. Hoje, certos casamentos são um “baita” do negócio.


Bem antigamente, casava-se no cartório e na Igreja com recepção em casa. Depois, o civil e religioso na Igreja com recepção no Clube. Hoje, em praias do Nordeste. Os pais dos noivos dizem que é para baixar o preço da “recepção-show”.


Os convidados reclamam muito do custo do deslocamento.


Na Cuiabá antiga, casamento era uma pequena festa feita em casa. Os convidados não reclamavam do preço do deslocamento, pois iam e voltavam às suas casas, caminhando.


Bem antigamente, o casamento era uma união que só a morte os separava. Hoje, ás vezes a separação acontece com a chegada da 1ª cobrança do cartão de crédito.


Na Cuiabá antiga, quando um homem vivia com uma mulher e não eram casados, eram chamados de “amigados”.


Bem antigamente, tínhamos raparigas, mulheres de zonas, putas e prostitutas do baixo e alto meretrício. Hoje, modelos, atrizes de filmes pornôs, garotas de programas e acompanhantes de executivos e políticos.


Na Cuiabá antiga, se namorava escondido. Hoje, é tudo às claras com luz solar.


Bem antigamente, Brasília era a capital do Brasil. Hoje, a capital das mulheres lindas hospedadas em hotéis de luxo.


Gabriel Novis Neves

23-03-2022









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