segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

SALA DE PARTOS


Assim ficou conhecido o gabinete do 1º Reitor da UFMT. Funcionava em um pequeno quarto que guardava material de limpeza do Centro de Ciências Sociais e Humanas. Ficava à direita da cantina do bloco central.


Por absoluta falta de espaço físico em 1971, tomamos essa decisão para não ocupar uma sala de aula e deixar seus alunos ao relento.


Dorileo, que era vice-reitor acadêmico, era obrigado a trabalhar em sua casa. Atílio, vice-reitor administrativo ficava girando pelos três blocos de ensino existentes, parando sempre na reitoria para despachos.


Esse “gabinete” funcionava também para as reuniões do Conselho Diretor, composto de seis membros, sempre à noite.


Foi nesse gabinete, que conheci o arquiteto paulista João Carlos Bross. Veio à Cuiabá para participar da licitação do Projeto do Presídio do Estado, que ficava onde hoje é a Trescinco.


Como havia desistido pela manhã da concorrência pública, seu retorno para São Paulo, só poderia ser realizado no outro dia.  Tinha visto na avenida Fernando Corrêa, uma enorme placa com os dizeres: “Futuras instalações da UFMT”.


Almoçou no “Hotel Santa Rosinha”, pegou um taxi e chegou ao quartinho onde funcionava a reitoria.


Apresentou seu cartão de visitas. Tinha acabado de ser o arquiteto do reitor Zeferino Vaz, na construção da Unicamp em Campinas. Resolvera se especializar no planejamento arquitetônico dos “Campi Universitários”.


Visitou durante dois meses vários “campi” nos EUA e Europa.


Falei que convidamos Oscar Niemayer para elaborar o projeto arquitetônico da nossa universidade, já que havia terminado de construir o campus da UNB (Brasília).


Na ocasião ele estava em Argel, na Argélia, (África), acompanhando a execução do seu projeto para a universidade de Argel.


Mesmo assim, com informações do seu escritório no Rio de Janeiro, tinha mandado um anteprojeto para o Governo do Estado, época em que eu era o Secretário de Educação.


Infelizmente, o Estado de Mato Grosso não tinha com bancar.


Foi então construído às pressas o Restaurante Estudantil e o Parque Aquático, com projeto da universidade de Campo-Grande que na época era estadual, bem em frente à avenida Fernando Correa da Costa.


Feita a avenida de acesso ao campus e o eixo principal, e aproveitando o projeto de uma escola de 2º grau da rua Barão de Melgaço, próxima ao Porto, foi construído prédio com 3 vezes o tamanho dessa escola, com avanço da que ficava no meio, para melhorar a estética. Recebeu o nome de “Centro de Ciências Sociais e Humanas”.


Nos fundos dos 60 hectares iniciais, mais tarde foi incorporado à UFMT, o Centro de Treinamento dos Professores do Ensino Fundamental.


Era tudo que tínhamos de área física para englobar os Cursos de Direito, Letras, Pedagogia, Engenharia Civil, Economia, Ciências Contábeis, História Natural, Física, Química e Educação Física.


Acompanhou-me na visita ao cerrado irregular cheio de buracos, e pontuou verbalmente, onde seriam alocados os principais centros de ensino, esporte e lazer, biblioteca, teatro e museus.


Contratado, fez em tempo recorde o 1º Bloco de Tecnologia, depois o 2º e 3º e, a correção da posição do Ginásio de Esportes.


Com o desenvolvimento da UFMT, nossos arquitetos ficaram responsáveis pelos projetos.


Gabriel Novis Neves 

17-02-2022






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