sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

OUTRAS PERSONALIDADES CUIABANAS


Lembro-me de outras personalidades cuiabanas da minha infância, cada qual com suas particularidades.


 “General Saco” vivia fazendo discursos pelas portas do bar do Bugre, praças Alencastro e da República, na porta do Clube Feminino na rua do Campo, rua de Cima, do Meio, de Baixo e proximidades.


Apresentava-se uniformizado com túnica militar cheia de “condecorações” que recebia. As mais frequentes eram tampinhas de garrafas de cerveja. Tinha também várias medalhas de santos e pequenos espelhos arredondados.


Seus discursos inflamados não tinham sentido, provocando reações daqueles que passavam pela rua.  Desconheço seus familiares e vivia do auxílio popular para comprar comida, quando não ganhava um prato feito de morador por onde perambulava.  As crianças tinham muito medo daquela figura barbuda sempre falando alto.


Maria Taquara, de tradicional família cuiabana.  Lembro-me dela, caminhando sem roupas, mostrando seu corpo esquelético, no meio da rua Presidente Marques, falando sem parar coisas incompreensíveis.


Descia a rua Cândido Mariano em direção ao centro da cidade e concluía a sua caminhada na Praça do Seminário.  Próximo à essa praça foi construída uma escultura em sua homenagem.  


Era bem criança e fiquei com medo dela.  Comentava-se na época que a sua família a internava na “Chácara dos Loucos” no Coxipó, antigo hospital psiquiátrico, de onde sempre fugia.


Antônio Peteté morava do outro lado do córrego da Prainha, no “pé” do Morro da Luz.  Não trabalhava. Era muito católico e estava sempre usando um leque feito pelos presos da Cadeia Pública.  Vivia rezando, falava “tatibitate e rápido” enquanto caminhava em frente à sua casa, e dizem que gostava muito dos alunos do “colédio” dos padres.


Um frequentador diário do bar do Bugre era o Hélio Goiaba, que recebeu esse apelido por não possuir dentes na boca.


Sentava-se à mesa de entrada, pedia um copinho de conhaque e conversava com as pessoas que iam ao bar. Foi ai que compôs uma famosa marchinha de carnaval:


Quer tocar, toca,

Não quer tocar, não toca,

Não sou de lero-lero,

Nem tampouco de potoca.


Tranquilo e querido por todos, assim era o Hélio Goiaba de família cuiabana. Morava na rua do Campo na casa da sua irmã Mireta, "udenista roxa", próximo à antiga residência dos governadores.


Já escreveram muito sobre o personagem “Zé Bolo Flor”. Não me lembro de tê-lo conhecido, mas sei que tem uma biografia muito interessante.


Gabriel Novis Neves

10-01-2022




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