segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

POVOS INDÍGENAS


Recebo pedidos, especialmente dos leitores que não conhecem o nosso Estado e antigamente nos perguntavam se aqui tínhamos onças nas ruas e índios como vizinhos, para escrever mais sobre esse assunto já abordado no blog do bar-do-bugre.


Como o nosso Estado, agora nem tanto assim, despertava curiosidade naqueles que jogavam frescobol nas praias do Leblon!


Quando falava que Mário Juruna frequentava a minha casa, que o cacique Raoni ia tratar da merenda escolar e do envio de professores bilíngues, na secretaria de educação em 2003 comigo, ficam extasiados, perplexos e invejosos do meu conhecimento sobre parte do Brasil.


Certa ocasião em princípios dos anos 70, recebi no meu gabinete da Reitoria um advogado e professor universitário de Vitória, Espírito Santo.


Era candidato a Presidência da OAB e estava percorrendo o Brasil.


Iniciou a sua campanha por Vitória, visitou as capitais do nordeste, norte, Amazônia e iria encerrar a sua peregrinação de pedir votos aos colegas por São Paulo e sudeste do Brasil.


Em tom de reflexão disse-me orgulhoso que em todas essas capitais de estados com dimensões continentais, todos falavam a mesma língua.


Achava isso um sinal de um Brasil grande e integrado.


Com ética, lembrei ao candidato da OAB, nascido em cidade de água salgada, que só no nosso Estado conhecíamos, naquela ocasião 29 nações indígenas falando línguas próprias e possuindo culturas diferentes.


Quando estive no Parque Nacional do Xingu, aceitando convite de Orlando Vilasboas, professor colaborador da UFMT, ao descer do pequeno monomotor, tive que chamar um tradutor para entender aquilo que crianças brasileiras conversavam comigo.


E o Parque do Xingu fica em Mato-Grosso a poucos quilômetros em linha reta do campus da nossa universidade.


Fui assistir ao Quarup do médico indigenista Noel Nutels, que nos primórdios da UFMT nos deu idéia de como seria a formação de um médico para esse grande vazio mato-grossense, que rapidamente seria colonizado, principalmente por brasileiros vindos do sul.


O Projeto Rondon tentou mostrar esse Brasil desconhecido de índios e onças, para os universitários das cidades de água salgada principalmente.


As universidades de Santa- Maria (RGS), a universidade de Campinas (SP) e a novíssima UFMT possuíam um campus avançado na cidade de Cáceres (MT), sede de uma enorme região que estava sendo ocupada.


Mais tarde, disse ao coronel Pasquale responsável pelo Projeto Rondon, que enviasse nossos universitários para conhecerem “cidades grandes e asfaltadas”, pois aqui era o próprio campus avançado.


Já o americano que nos visitou em 1969, ao deixar o aeroporto e entrar em meu carro, vendo o céu de Cuiabá exclamou: Não sei por que o americano quer ir à lua quando a lua é aqui em Cuiabá!


Gabriel Novis Neves

29-01-2022






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